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Em crise, indústria estende promoções de automóveis

Folha de S.Paulo

EDUARDO SODRÉ

EDITOR-ADJUNTO DE “VEÍCULOS”

Em uma concessionária Fiat da Vila Guilherme (zona norte de São Paulo), um Palio Fire 2014/2015 era vendido por R$ 25,5 mil nesta quinta (5). O vendedor apressou-se em dizer que eram as últimas unidades daquela versão com desconto, que chega a 12,4% sobre o sugerido pela fabricante. Porém, na semana anterior, o valor e o abatimento eram os mesmos.

Encontrar o carro mais vendido do Brasil com preços abaixo da tabela é sinal de quanto o mercado automotivo anda em baixa.

Dados divulgados pela Anfavea (associação nacional das montadoras) mostram que há estoque suficiente para 38 dias de vendas. Considerando o ritmo atual de licenciamentos e os dias úteis nos próximos meses, carros produzidos em 2014 deverão continuar “encalhados” nas lojas até meados de abril.

“Medidas como férias coletivas não têm sido suficientes para aliviar os estoques. Como não há um movimento natural de vendas, as fabricantes precisam subsidiar taxas, reduzir preços e desovar os veículos por meio de vendas diretas a empresas”, diz Milad Kalume Neto, gerente de negócios da Jato Dynamics, consultoria especializada no setor automotivo.

DEMISSÕES

Vendas em queda impactam no nível de empregos do setor, que caiu 8,1% na comparação entre os meses de janeiro de 2015 e de 2014. Foram fechados 12,8 mil postos de trabalho nas montadoras nos últimos 12 meses, de acordo com a Anfavea, que espera melhora no 2° semestre.

“O crédito vinha retornando lentamente, mas, no mês de janeiro, as medidas de ajuste na política fiscal impactaram nas vendas. Entendemos essas ações como necessárias, e já esperávamos por isso. Os números apresentados no primeiro trimestre serão bastante negativos”, afirma Luiz Moan, presidente da entidade.

GM e Renault estão com planos de demissão voluntária abertos, o que deve causar impacto ainda maior no nível de empregos em fevereiro.

A comparação entre janeiro deste ano e o mesmo mês de 2014 mostra redução de 18,8% nas vendas e de 13,7% na produção. O número inclui carros de passeio, comerciais leves e veículos pesados.

Para as montadoras, a queda nos emplacamentos associada à ausência de benefícios fiscais reduz a rentabilidade. É a primeira vez desde abril de 2012 que a cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) está sendo feita integralmente.

A esperança de retomada no próximo semestre é alimentada pelos processos de contratações que serão abertos no setor. A Mercedes, por exemplo, realizou nesta quinta (5) a cerimônia de pedra fundamental de sua fábrica em Iracemápolis (a 157 km de São Paulo).

Para a marca atingir o patamar de produção esperado, porém, é preciso que as exportações reajam.

“Nosso grande mercado continua sendo a Argentina. As vendas naquele país caíram cerca de 39% em janeiro de 2015, e isso tem nos afetado”, explica Moan.