Em crise, montadoras falam em excesso de mão de obra

Vendas recuam para 185,9 mil unidades e voltam aos patamares de 2008

Descompasso alimenta expectativa de mais demissões; entidade deve rebaixar previsão de vendas para 2015

RODRIGO MORA
DE SÃO PAULO

A indústria automotiva brasileira tem hoje um “excedente de trabalhadores”, segundo Luiz Moan, presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos).

A declaração foi dada durante o balanço de fevereiro, que mostrou queda de 28,9% na produção de automóveis e comerciais leves na comparação com fevereiro do ano passado.

Foram 200,1 mil unidades fabricadas no mês passado, número também menor que os 204,8 mil carros e utilitários produzidos em janeiro.

No mesmo período, o número de postos de trabalho teve queda bem menor. Foram 142,3 mil vagas ocupadas em fevereiro, queda de 1,3% sobre janeiro e de 8,8% ante o mesmo mês de 2014.

A Anfavea ressaltou que, mesmo em queda, o número ainda é maior do que os cerca de 124 mil postos de 2009.

Desde o começo deste ano, já foram desligados 1.846 trabalhadores da indústria automotiva, e sindicatos do setor temem novas demissões.

Quanto às vendas, o mercado nacional emplacou 185,9 mil unidades em fevereiro, voltando aos patamares de novembro de 2008.

A queda dos licenciamentos sobre janeiro, quando foram emplacadas 253,8 mil unidades, é de 26,7%, enquanto a retração sobre fevereiro de 2014 (259,3 mil) chega a 28,3%.

“Os dois principais fatores para essa queda considerável são a volta da cobrança do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] e a falta de confiança do consumidor na economia”, diz Luiz Moan.

EXPORTAÇÕES
Na contramão das vendas e da produção, as exportações tiveram alta no período.

Com a subida do dólar para o patamar de R$ 3, a médio prazo os veículos brasileiros ficarão mais competitivos no exterior, embora se esperem “grandes prejuízos” a curto prazo com o aumento de insumos importados.

A Fenabrave (associação dos lojistas) prevê que as vendas caiam 10% neste ano.

A Anfavea antecipará sua previsão para abril, devido a “uma piora considerável no quadro econômico”.