Do Rio
O forte crescimento do empreendedorismo no Brasil – tanto masculino, quanto feminino – pode explicar o motivo de o emprego continuar crescendo, apesar de a atividade econômica estar em baixa, afirma o economista Carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Sebrae. “Há um debate hoje entre os economistas sobre o porquê de o emprego continuar crescendo, apesar da retração do Produto Interno Bruto (PIB)”, diz Santos.
Em 2009, por exemplo, o PIB do país estagnou – 0,3% negativo -, mas foram criados 995 mil novos postos de trabalho. Para Santos, a resposta a essa contradição está nos pequenos negócios, que seguem em expansão, mas não têm expressão nas contas nacionais como têm as grandes empresas.
Santos afirma que a geração de emprego tem se dado nas micro e pequenas empresas, que respondem por 25% do PIB brasileiro, de forma dispersa. Esse fato, segundo ele, pode ser comprovado pelos números que compõem o gráfico, elaborado com base nos dados do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2010-2011. Eles mostram que ao mesmo tempo em que o PIB registra baixos percentuais de crescimento (principalmente nos anos de crise como 2001 e 2009), as micro e pequenas empresas (MPE) registram taxas maiores de emprego que as médias e grandes (MGE).
“Quando uma fábrica gigante demite quatro mil pessoas, isso é muito relevante e conta muito nas estatísticas. Por outro lado, quando uma microempresa contrata uma, duas pessoas, não faz nenhuma diferença no PIB individualmente”, explica o diretor do Sebrae. Porém são milhares de microempresas que estão contratando. “É claro que não é um emprego da mesma qualidade, porém ajuda a explicar porque o emprego continua crescendo, apesar do PIB”.
Além disso, ressalta Santos, outros fatores se juntam para compor o quadro de novas contratações entre os pequenos. “Enquanto o Brasil decrescia 0,3%, (o Estado de) Pernambuco, por exemplo, cresceu 20%, o dobro do PIB chinês.”
Para o diretor do Sebrae, a expansão do empreendedorismo reflete ainda as expectativas positivas existentes na economia. Segundo ele, no início da década, de cada dois pequenos negócios abertos, um era por oportunidade, outro por necessidade, ou seja, a pessoa não encontrou alternativa de sustento que não fosse o negócio próprio. Hoje a relação é 2,24 por oportunidade para cada um de necessidade. Esse movimento guarda, aparentemente, um paradoxo pelo fato de que o emprego com carteira assinada também está crescendo.
Ao menos em teoria, considerando o risco envolvido nas duas formas de trabalho, as pessoas poderiam preferir empregos com carteira assinada a manter um negócio próprio. Mas não é o que estão mostrando as estatísticas colhidas pelo Sebrae. “Isso significa que muito mais gente está abrindo novos negócios porque tem uma expectativa positiva para o futuro e se sente encorajada até em pedir demissão do emprego para abrir o negócio próprio.” (JR)