Política de recuperação do mínimo distribui renda
O 1º de Maio, Dia do Trabalhador, é um grande momento para os trabalhadores reafirmarem suas lutas por mais direitos e refletirem sobre as conquistas e a situação pela qual o Brasil atravessa.
Vale lembrar que a luta por mais direitos está no DNA do 1º de Maio. Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores em Chicago (EUA), que tinha por objetivo reivindicar a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. O evento contou com a participação de milhares de trabalhadores, que foram fortemente reprimidos, provocando a morte de muitos grevistas.
Neste ano, as centrais sindicais e os movimentos sociais farão um grande ato em São Paulo, no Vale do Anhangabaú e em centenas de cidades pelo país para unir nossas vozes em defesa dos direitos, mostrar toda a nossa indignação contra o fim da aposentadoria e cobrar mais empregos e mais renda.
Somos contra a atual proposta de reforma da Previdência, pois ela retira direitos dos trabalhadores e dos aposentados e não combate as desigualdades nem os privilégios.
Por isso é importante intensificar a luta: para que os trabalhadores e o povo mais pobre não sejam prejudicados. Pretendemos, durante o Dia do Trabalhador, com atos e protestos, aprovar um indicativo de greve geral –para 14 de junho. Estamos, ainda, coletando assinaturas em um abaixo-assinado, que será entregue ao Congresso Nacional, com a posição da classe sobre o fim dos privilégios na Previdência.
A radiografia econômica do país revela um quadro que preocupa os trabalhadores. A estimativa do PIB para este ano é muito ruim. Precisamos de um projeto de desenvolvimento econômico que faça a economia crescer, que gere empregos e renda. Segundo o IBGE, 13 milhões de pessoas estão desempregadas.
O desemprego é um mal que causa enormes danos à sociedade e precisa ser combatido sem tréguas, pois aumenta a pobreza e as desigualdades, desagrega as famílias e turbina a violência e a desesperança. Já com mais emprego há mais produção e consumo, o que gera crescimento e renda.
A intenção do governo de reajustar o salário mínimo em 2020 sem aumento real é uma humilhação e frustra as expectativas de milhões de trabalhadores e aposentados.
O valor noticiado é mais uma demonstração dos ataques do governo aos mais pobres. Para os banqueiros, garantias de lucros astronômicos; para os trabalhadores, cortes de direitos e migalhas.
Defendemos a manutenção da política de recuperação do salário mínimo, que garante dignidade aos trabalhadores e é uma forma comprovadamente eficaz de distribuir renda. Lembramos que o acordo das centrais com o governo, em 2006, que reajustou o salário mínimo pelo índice da inflação mais a variação do PIB de dois anos anteriores, resultou em diminuição da pobreza, aumento do consumo e melhorias para toda a sociedade.
Os trabalhadores vão à luta para mudar os rumos da atual política econômica. Neste 1º de Maio vamos unir vozes para defender o direito a uma aposentadoria decente, salários dignos e empregos de qualidade –o que só é possível com uma nova orientação econômica para o país, orientada ao crescimento da economia e à distribuição da renda.
Vamos lutar por uma sociedade mais justa, com oportunidades para todos, saúde e educação pública de qualidade, com transporte e moradia dignos, como fatores para a construção de uma sociedade igualitária.
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos
artigo publicado na Folha de S.Paulo, 1 de maio de 2019:
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/05/emprego-e-um-direito.shtml?loggedpaywall