Por Mayumi Negishi | The Wall Street Journal, de Hamamatsu, Japão
Na fábrica da empresa japonesa Roland DG Corp., produzir impressoras com milhares de peças é tão fácil quanto um brinquedo de montar.
Isto porque a Roland DG, uma pequena empresa com 966 empregados e vendas anuais de cerca de US$ 300 milhões, fabrica todos os seus produtos, desde impressoras de cartazes até máquinas para modelar coroas dentárias, usando um sistema avançado de produção conhecido como “D-shop”.
Por este método, os funcionários da fábrica, trabalhando em baias individuais, montam produtos do início ao fim, guiados pelas imagens em 3-D exibidas num computador e utilizando as peças fornecidas por prateleiras giratórias automáticas. Todo funcionário é capaz de montar qualquer variação dos cerca de 50 produtos da empresa.
A evolução da Roland DG, de quem a fabricante de pianos digitais Roland Corp. tem uma fatia de 40%, começou em 1998, quando ela se tornou uma das primeiras empresas do Japão a abandonar a linha de montagem em favor das baias individuais de trabalho, inspiradas nos quiosques japoneses que vendem macarrão. Com os pedidos chegando em lotes cada vez menores, a Roland DG decidiu que precisava de um sistema de produção em que apenas um funcionário pudesse construir qualquer um de seus diversos produtos.
Desde então, a empresa vem fazendo experimentos com a ajuda crescente da tecnologia e de manuais de instrução para atingir seu objetivo.
Recentemente, na fábrica da Roland DG na cidade de Hamamatsu, no centro do Japão, uma funcionária estava montando do zero uma impressora industrial que, no fim, ia ter mais que o dobro de seu tamanho e pesar mais de 400 quilos. Outro funcionário que acabou de entrar na empresa estava fazendo um protótipo de uma fresadora. E um terceiro fazia a máquina para coroas dentárias.
O monitor de um computador exibe instruções passo a passo da montagem em imagens 3-D: “Aperte o Parafuso A nestes oito lugares” ou “Fixe a Peça B utilizando o Suporte C”. Ao mesmo tempo, a prateleira rotatória gira para mostrar qual das dezenas de peças será empregada. Enquanto isso, uma chave de fenda digital verifica o número de voltas dadas nos parafusos e se eles estão bem apertados. Até que os parafusos tenham sido instalados de forma correta, as instruções na tela do computador não avançam para o próximo passo.
Os funcionários raramente ficam confusos, mas, quando isso acontece, eles apertam um botão e o gerente vem ajudar.
O sistema é tão simples que praticamente qualquer um pode montar produtos em qualquer lugar, dizem os gerentes. Quando os pedidos aumentam, a Roland DG procura trabalhadores de meio período. Depois de dois dias de treinamento, em que os operários praticam como conectar fios e apertar parafusos, as equipes começam a montar peças de impressoras, ou impressoras pequenas inteiras. “Podemos deslocar pessoas rapidamente para fazer produtos com maior demanda. É uma estrutura muito flexível”, diz Masaki Hanajima, gerente geral de produção.
Funcionários experientes são capazes de montar duas máquinas simultaneamente, ou realizar testes num produto acabado enquanto montam outro. “Nossa meta é dobrar a produtividade”, diz Hanajima. Ele afirma que a produtividade cresceu 60% desde o fim de 2010 nas fábricas japonesas da empresa.
A Roland DG afirma que os instrumentos digitais reduzem defeitos e ajudam a motivar os trabalhadores num mercado competitivo. O processo também contribuiu para manter a qualidade na fábrica da Roland DG na Tailândia, a primeira no exterior.
Como se não bastasse, o computador até incentiva os empregados no fim do dia, com a mensagem “Otsukaresama deshita”.