Falta mão de obra e sobram vagas no interior de SP

MÁRCIA DE CHIARA

Mesmo com previsões de crescimento modesto das admissões temporárias, está mais difícil neste fim de ano recrutar trabalhadores em algumas regiões do País. Com a economia funcionando praticamente em pleno emprego, os empresários usam as estratégias mais inusitadas para fisgar os trabalhadores.

Na região de Jundiaí, no interior de São Paulo, a Câmara dos Dirigentes Lojistas e o Sindicato do Comércio Varejista estão “laçando” trabalhadores nas ruas. Edison Maltone, que preside as duas entidades, conta que desde o fim de setembro foi iniciada uma campanha batizada de Pit Stop do Comércio para recrutar mão de obra local.
 
Carros de som percorrem os bairros mais distantes das cidades da região avisando onde será instalada a tenda ao ar livre que receberá os currículos dos candidatos a uma vaga temporária.
 
Maltone conta que, além de receber os currículos que vão para o banco de dados, os funcionários desses serviços ajudam o candidato a fazer o currículo padrão e dão orientações sobre como proceder na entrevista. “Até agora já cadastramos 1.500 trabalhadores”, diz ele, acrescentado que a tenda já percorreu 15 locais diferentes.
 
Ele aponta vários fatores que contribuíram para a falta de mão de obra para o comércio na região de Jundiaí. Um deles foi a recente inauguração de um shopping com 200 lojas, além das admissões feitas pela indústria de eletrônicos Foxconn na região. O aumento do número de microempreendedores individuais também ajudou a reduzir a oferta de mão de obra.
 
“Pela primeira vez, o interior do Estado vai ultrapassar a capital na abertura de vagas temporárias”, diz o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo, Maurício Stainoff. Das 44 mil vagas projetadas para o Estado, 24 mil serão no interior. “Muitas empresas estão saindo da capital.” A diretora de Gestão de Gente do Grupo Pão de Açúcar, Magna Santos, confirma que há maior dificuldade de contratações no interior do Estado, nas regiões de Campinas e Ribeirão Preto, além de Curitiba (PR).
 
A dificuldade de recrutar mão de obra temporária fez com que algumas grandes empresas varejistas passassem a oferecer vale-refeição a esses trabalhadores neste fim de ano, conta Michelly Takabayashi, gerente corporativa da Randstad, multinacional voltada ao recrutamento de pessoal.
 
Diante da escassez de profissionais qualificados de vendas, ela conta que há companhias que passaram a admitir auxiliares de loja para executar funções normalmente do vendedor, como arrumar os produtos nas prateleiras. “O vendedor agora só está vendendo”, diz ela. Com isso, a intenção é que ele concentre a sua atenção na venda e as demais tarefas sejam desempenhadas por uma equipe de apoio.