EDUARDO CUCOLO, SOFIA FERNANDES, DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda cortou a projeção de crescimento da economia brasileira em 2014 de 2,5% para 1,8%.
A nova projeção foi divulgada nesta terça-feira (22) faz parte do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento do ano.
A projeção ainda está acima das expectativas do Banco Central (1,6%) e dos economistas consultados no Boletim Focus, que o BC faz com analistas de cerca de 100 instituições financeiras (0,97%).
A estimativa para o índice oficial de inflação (IPCA) subiu de 5,6% para 6,2%, também mais otimista que as estimativas do BC (6,4%) e do mercado (6,44%).
TRIBUTOS
O crescimento menor da economia vai se refletir em uma arrecadação de tributos quase R$ 9 bilhões menor que o esperado anteriormente, segundo o relatório.
Em compensação, o governo passou a contar com o pagamento de R$ 2 bilhões da Petrobras para o Tesouro Nacional, referente à assinatura de contrato de exploração do volume excedente nas áreas do pré-sal.
Essa negociação foi anunciada no final de junho.
Também se espera uma arrecadação de R$ 18 bilhões com os programas de parcelamento de dívidas tributárias (Refis), acima dos R$ 12,5 bilhões esperados nos cálculos feitos há dois meses.
Nesse período, o governo anunciou medidas para incentivar a quitação de dívidas.
Outro fator que vai ajudar as contas do governo federal é que, com a queda na arrecadação de tributos, cai também o repasse de recursos para Estados e municípios.
No fim da conta, o governo estima que terá uma receita a mais de R$ 714,5 milhões. Esse dinheiro já foi comprometido, em sua maior parte, com a liberação de créditos extraordinários – dinheiro usado em despesas emergenciais não previstas– no primeiro semestre.
INDICADORES
O pessimismo foi reforçado após a divulgação de indicadores mais fracos nas últimas semanas.
Primeiro, o indicador de atividade econômica calculado pelo Banco Central (IBC-Br) registrou em maio o pior desempenho dos cinco primeiros meses do ano, uma retração de 0,18% na comparação com abril.
A queda foi puxada pelo fraco desempenho da indústria e comércio.
Em segundo, o Ministério do Trabalho informou que a criação de empregos formais foi a menor para um mês de junho desde 1998 -foram geradas 25.363 novas vagas.
No primeiro semestre, foram 588.671 novos postos com carteira assinada, menor saldo para esse período do ano desde 2008 (397.936 vagas).
Por fim, o setor de serviços, segundo dados do IBGE, registrou em maio a segunda menor taxa de crescimento na série do instituto.
Pelo terceiro mês consecutivo, a produção na indústria caiu em maio – desempenho que deve se repetir no dado de junho.
No setor automotivo, a produção recuou 23% no período.