Força Sindical defende mudança na política econômica urgente

A mudança na política econômica para enfrentar a crise que o País atravessa é uma das principais reivindicações dos trabalhadores. Paulo Pereira da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical e deputado federal pelo Solidariedade-SP, afirma que  a política econômica desenvolvida no País está errada e resulta em grande déficit nas contas públicas. “Além disso, o desemprego (que já é alto) tende a aumentar neste ano”, declara.

Será necessário reverter as expectativas de agravamento da crise presentes na mente dos brasileiros e “é fundamental indicar claramente a transição para o crescimento econômico e, nesse caminho, conduzir reformas estruturais  que coloquem o desenvolvimento produtivo como eixo estruturante do crescimento”, de acordo com a Nota Técnica formulada pelo Dieese (Departamento de Estatística e Estudos Sócioeconômicos) intitulada “Por que a inflação não cai com o País em recessão?- Uma breve análise do atual processo inflacionário no Brasil”.

Paulinho lembra que “nas últimas décadas, o povo brasileiro já enfrentou crises, intercaladas com curtíssimos períodos de crescimento, nenhum crescimento ou recessão cavalar. A experiência mostra que quando a situação está ruim é preciso agir rapidamente, de modo preciso e transparente para que a sociedade acredite nas ações do governo. E não é isso que estamos vendo.  O trabalhador sofre com a inflação alta redução dos salários médios e com a eliminação brutal de mais de 1,5 milhão de postos de trabalho formais. Quem está empregado tem medo de perder o emprego e o desempregado sofre por não conseguir novo posto de trabalho, aqueles que conseguem voltar ao mercado de trabalho formal experimentam uma queda brutal no seu rendimento de aproximadamente 11%”.

A Nota Técnica do Dieese mostra que a situação é complexa com implicações econômicas e a inquietação existente no País devido a crise política também reflete na crise.  Neste estudo, os técnicos do Dieese mostram que  o governo elevou a taxa de juros básica (Selic) durante meses seguido e depois a estabilizou em patamar alto, inibindo os investimentos e o consumo, devido ao aumento do custo do crédito. No entanto, o governo não conseguiu o efeito que desejava, ou seja, conter a inflação, que continua resistente. E o pior, os impactos na economia são brutais, basta lembrar que muitos países estão com uma taxa de juros próximo a zero, o Japão por exemplo acabou de adotar juros negativos para combater a crise.

Em tempos de crise e inflação alta, a tendência é aumentar a concentração de renda, empresas que operam como monopólio e oligopólio têm mais possibilidade de preservar seus lucros, enquanto o trabalhador é o mais prejudicado com a elevação dos preços. “A queda do poder de compra dos salários, corroídos  pela desvalorização do dinheiro, implica a redução da qualidade de vida dos assalariados.Com a possibilidade de recompor o valor real de seu ganho apenas uma vez ao ano, na data-base, o trabalhador assiste, impotente, a inflação impor-lhe, ao longo deste intervalo, perda de renda faz distanciar-se, cada vez mais, das classes mais abastadas, daquelas que conseguem se proteger da desvalorização da moeda e que, não raras vezes, até se beneficiam com isso”, segundo a Nota Técnica do Dieese.

Os técnicos destacam que o País enfrenta um período recessivo acompanhado por uma aceleração inflacionária. “Esse quadro é desolador, uma vez que o desaquecimento econômico deteriora o mercado de trabalho, provocando aumento de desemprego e queda dos rendimentos dos trabalhadores, cenário que se degrada ainda mais quando a taxa de inflação aumenta”, declara.

“Os repasses automáticos de custos e a indexação indicam que o processo inflacionário está se tornando autônomo, isto é, o componente inercial da inflação passa a preponderar em relação às outras causas. A política monetária é inócua, pois as causas atuais do problema inflacionário são imunes às elevações das taxas de juros que, neste momento, só aprofundam a recessão e aumentam o déficit público”, diz a Nota Técnica.

“Só os juros que incidem sobre a dívida pública chegam a 9% do PIB (Produto Interno Bruto), um gasto brutal. São recursos que poderiam ser usados em saúde, educação, entre outros. Outro problema é que toda esta despesa com juros tira a força do ajuste fiscal que o governo quer implementar”, afirma Altair Garcia, técnico da subseção do Dieese na Força Sindical.