Força Sindical volta a criticar Dilma e diz que negociar com Mantega ´não dá´

Isabel Braga e Chico de Gois

BRASÍLIA – O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), voltou a criticar nesta quarta-feira, de forma dura, a condução da presidente Dilma Rousseff nas negociações para o reajuste do salário mínimo. Para ele, um dos erros é indicar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para as negociações com os trabalhadores.

“Por o Mantega para negociar, não dá. Ele não tem jeito para falar com os trabalhadores “

– O governo Dilma está mal nessa história. Por o Mantega para negociar, não dá. Ele não tem jeito para falar com os trabalhadores. No governo Lula, tínhamos o ministro Luiz Dulci, que resolveu para nós. Com o Mantega não dá – afirmou Paulinho, ressalvando que falava como presidente da Força Sindical, em relação às negociações dos interesses dos trabalhadores.

O presidente da Força falou da carta das seis centrais defendendo o mínimo de R$ 580, o aumento de 10% para os aposentados e a correção da tabela do Imposto de Renda em 6.47% e voltou a dizer que, se as negociações em torno da correção da tabela do IR não evoluírem até a próxima segunda, entrarão com ações na Justiça trabalhista para fazer valer o direito do trabalhador.

– Se não corrigir a tabela, é confisco do salário dos trabalhadores. Nosso prazo é até segunda-feira. Não é corda no pescoço, e a presidente Dilma que colocou a corda no pescoço do trabalhador, ao não corrigir. Para começar bem o governo, deve corrigir a tabela. Sobre salário mínimo e aposentados, temos tempo ( de discutir), até março – disse o deputado.

Paulo Pereira da Silva destacou que os movimentos sociais apoiaram Dilma e que ele está respondendo a quatro processos por isso:

– Só eu tomei quatro processos, o presidente da CUT dois. O MST começou a invadir fazendas porque não sente espaço para conversar.

Mais cedo,depois de se reunir com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, Paulinho da Força deu um ultimato à presidente Dilma Rousseff e disse que, na votação da medida provisória que fixa o salário mínimo em R$ 540, o governo irá perder.

– Vamos contar com a insatisfação da base por causa da disputa por cargos.

Para Paulinho, o governo está “esquisito”.

– O governo está esquisito. A Dilma está numa redoma e não deixam ninguém chegar perto dela – criticou, completando: – O governo está começando a ter problema com os movimentos populares.

Na terça-feira, Dilma mandou que seus ministros evitem dar opinião sobre o salário mínimo. A presidente não gostou que a divergência das opiniões dos ministros fosse à público. Enquanto Guido Mantega (Fazenda) afirma que qualquer valor acima do fixado em medida provisória será vetado, Carlos Lupi (Trabalho), Garibaldi Alves (Previdência) e seus partidos, PDT e PMDB, defendem um valor maior.

Lupi chegou a dizer que o Congresso Nacional é que vai definir o valor do salário mínimo . Segundo ele, os parlamentares vão discutir a proposta de R$ 540 para o piso nacional e, se alterarem, o governo acatará a decisão.