Veja as reportagens publicadas de 2006 até julho deste ano.
Eloá, Mércia, Luiza Brunet… Relembre os casos emblemáticos.
Elida Oliveira*
Do G1, em São Paulo
“Violentamente espancada”, “ferida com golpes de facão”, “amarrada dentro da própria casa”, “incendiada pelo marido”. A violência contra a mulher está presente em todos os estados, em todos os estratos sociais. Nos 10 anos da Lei Maria da Penha, o G1 compilou reportagens publicadas de 2006 até julho de 2016 – período que compreende a vigência da lei. São 4.060 textos, que reúnem histórias de mulheres agredidas, estupradas e mortas por maridos, companheiros, namorados ou ex-parceiros. Enquadrar o agressor na lei é decisão da Justiça, mas a quantidade de violências que chegam a ser noticiadas ilustram como ela está presente na vida das mulheres.
Motivados por ciúmes, para punir traições ou contra o fim de relacionamentos, parceiros vivem uma rotina de agressões que podem terminar em morte.
Na maior parte das notícias, as mulheres não têm a identidade revelada e são poucos os casos em que há informação sobre o que aconteceu com a vítima após a agressão – quando ela sobrevive – ou se o agressor foi punido.
Já outros casos ganharam repercussão; confira outras histórias emblemáticas ocorridas nos últimos dez anos:
Atriz Luiza Brunet acusa ex-companheiro de agressão
A atriz Luiza Brunet, de 54 anos, acusa o ex-companheiro, o empresário Lírio Albino Parisotto, de 62 anos, de ter “praticado violências físicas e psicológicas gravíssimas”. Ela diz que foi agredida e teve as costelas quebradas quando os dois estavam em Nova York, em 21 de maio deste ano.
“Dei publicidade ao caso para que outras mulheres vítimas de violência tomem coragem e não se calem.” Parisotto nega as agressões. A Justiça proibiu que o empresário se aproxime e mantenha contato com a atriz.
Eloá é sequestrada e assassinada porque o ex não aceitava o fim do namoro
Em 13 de setembro de 2008, Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, estudava com três amigos no apartamento onde morava com a família, em Santo André.
Por volta das 13h30, Lindemberg Alves, de 22 anos, invadiu o apartamento, armado, e manteve o grupo refém. Ele não aceitava o fim do namoro com Eloá e dizia que se ela não fosse ficar com ele, não ficaria com mais ninguém.
Lindemberg libertou dois amigos de Eloá na noite daquele dia. Nayara, a quarta adolescente refém, chegou a ser libertada no dia seguinte, mas voltou para ajudar nas negociações.
Após 100 horas de cativeiro e inúmeras tentativas de negociação, a polícia invadiu o apartamento de Eloá. Lindemberg atirou contra as duas adolescentes, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto.
Em fevereiro de 2012, Lindemberg foi condenado a 98 anos e dez meses de prisão pela morte de Eloá e outros 11 crimes cometidos durante o sequestro.
Universitária é assassinada pelo ex-namorado após ser dopada com clorofórmio
As histórias de Louise Ribeiro e Vinícius Neres se cruzaram quando os dois foram aprovados no curso de biologia da Universidade de Brasília, a UnB. Após um namoro, o casal se separou, mas, segundo os amigos, Vinícius continuou obcecado por Louise.
Em 10 de março, Vinícius chamou Louise para conversar no laboratório de biologia da faculdade. Eram cerca de 22h. Vinícius e Louise se desentenderam. Ele a amarrou a uma cadeira, e a forçou a ingerir clorofórmio. A substância, usada como anestésico, causou morte súbita em razão da quantidade ingerida.
Na noite daquele mesmo dia, Vinícius levou o corpo de Louise para uma área de cerrado, perto da universidade. Ele foi preso na manhã seguinte, após amigos dizerem aos policiais que suspeitavam do estudante. Vinícius confessou o crime.
Mulher tem as mãos decepadas ao pedir a separação ao marido
Gisele Santos de Oliveira não queria mais continuar casada com Elton Jones Luz de Freitas porque o marido era muito ciumento. “Não deixava nem dar oi na rua”, diz, sobre a atitude controladora dele.
Em uma manhã de domingo, 2 de agosto de 2015, o casal discutiu e Gisele deu um ultimato a Elton: “Ou você sai de casa, ou eu saio”.
Ele não saiu. Elton trancou a casa, guardou a chave no bolso, e passou a agredir Gisele com um facão.
O primeiro golpe foi na cabeça. Gisele conta que, ao se ver sangrando, ficou surpresa, porque não imaginava que o marido fosse capaz de uma agressão tão grave. Em seguida, vieram os demais golpes.
Ela teve as mãos, o pé esquerdo e parte do direito decepados pelo companheiro.
Gisele ficou sozinha, gritando por socorro. Até que uma vizinha teve coragem de entrar no quarto para socorrê-la.
Elton foi denunciado pelo Ministério Público por tentativa de homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e emprego de violência doméstica e familiar).