´Gastões´ de água em SP terão sobretaxa de até 50% na conta

EDUARDO SCOLESE, EDITOR DE ´COTIDIANO´
GUSTAVO URIBE, DE SÃO PAULO

Em meio a uma grave estiagem e com os principais reservatórios sob risco de colapso, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu cobrar uma sobretaxa na conta de água daqueles que ampliarem o consumo.

A medida, chamada de “plus” pelo governador, será anunciada na tarde desta quinta­feira (18) pelo governo do Estado.

Segundo a Folha apurou, quem tiver o aumento de consumo igual ou menor que 20% (em relação à média de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014) terá 20% de acréscimo na conta de água. Já os consumidores que gastarem acima de 20% em relação a sua média terão ônus de 50% na conta.

A medida começa a valer em 1º de janeiro –resta apenas o aval da Arsesp (agência estadual de saneamento), o que deve ocorrer nos próximos dias. Aqueles com consumo baixo (inferior a 10 metros cúbicos mensais) estarão fora dessa sobretaxa. Haverá ainda opção de recursos à Sabesp, para casos de mudança de imóvel, por exemplo.

Além disso, o governo anunciará nesta quinta­feira (18) a prorrogação do programa do bônus para os consumidores que têm economizado água nesse período. As atuais faixas de desconto serão mantidas –redução entre 10% e 14,9% (bônus de 10%); de 15% a 19,9% (bônus de 20%); e de 20% ou mais (bônus de 30%).

GRAVE CRISE

São Paulo vive hoje a mais grave crise hídrica já registrada, e o principal reservatório de água da Grande SP, o sistema Cantareira, opera com apenas 6,9% de sua capacidade, isso já contando a segunda cota do volume morto ­reserva técnica utilizada para evitar o desabastecimento da população.

A cobrança dessa sobretaxa é uma ideia do governo paulista que começou a ser desenhada no início do ano, mas acabou engavetada às vésperas do início da campanha eleitoral.

Voltou com força agora, com o risco de colapso dos reservatórios e com a indicação do engenheiro civil Benedito Braga, 67, para assumir a secretaria de Recursos Hídricos a partir de 2015 ­ele é um defensor de punir, por meios econômicos, o consumo excessivo de água.

O próprio governador tem atacado o grupo de 25% dos consumidores que, em meio à atual crise, ampliaram o consumo de água. Alckmin tem se referido a eles como “gastões”.

Para constrangê­los, a Sabesp lançará uma nova campanha publicitária, focada essencialmente no desperdício, como lavar carro e a calçada em tempos de crise.