MAÍRA TEIXEIRA, de São Paulo
PRISCILLA OLIVEIRA, de Brasília
O Brasil registrou a criação de 1.944.560 vagas com carteira assinada em 2011. O número representa um ritmo menor na criação de emprego no país e é 23,5% menor que o registrado em 2010, quando foram geradas 2.543.177 empregos formais (segundo dado revisado).
Apesar do recuo, o resultado no ano ainda é o segundo melhor da série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), menor apenas que o de 2010. A série contém informações ajustadas, ou seja, acrescidas de declarações fora do prazo, até novembro de 2011.
Os dados do Caged foram divulgados nesta terça-feira (24) pelo Ministério do Trabalho.
Em dezembro, houve o fechamento de 408.172 vagas, ante a geração de 42.735 em novembro de 2011. Este foi o pior resultado do ano e o pior dezembro desde 2008, quando houve fechamento de 654.946 postos de trabalho.
O resultado de dezembro deste ano é parecido com o registrado em dezembro de 2010, quando houve uma redução de 407.510 postos (-1,12%). O número de admissões em dezembro foi de 1.305.051 e o de desligamentos foi de 1.713.223, nos dois casos, os maiores registrados para o mês.
Segundo a análise do ministério, o resultado é decorrente de fatores sazonais, como entressafra agrícola, término do ciclo escolar, esgotamento da bolha de consumo no final do ano, fatores climáticos.
METAS
O ritmo de geração de empregos começou a cair no segundo semestre, quando o governo informou que não bateria a meta prometida no início do ano, de geração de 3 milhões de vagas –muito além da expectativa de órgãos do próprio governo, como o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e de economistas.
A previsão para 2011, segundo o então ministro Carlos Lupi, foi rebaixada para até 2,4 milhões em setembro, porém o resultado ainda ficou bem abaixo da previsão do ex-ministro.
SETOR
As informações por setor de atividade econômica mostram que no setor de serviços, o resultado teve o segundo maior saldo para o período, com a criação de 925.537 postos (6,43%).
No comércio foram gerados 452.077 postos (5,61%), na construção civil 222.897 postos (8,78%), e na indústria de transformação 215.472 postos (2,69%).
Segundo o Ministério do Trabalho, a agricultura obteve o melhor resultado desde 2005, com a criação de 82.506 postos (5,54%), na área extrativa mineral foram gerados 19.510 postos (10,33%), saldo recorde para o período, administração pública foram registrados mais 17.066 postos (1,90%) e no setor de serviços industriais de utilidade pública houve a criação de 9.495 vagas (2,48%).
INDÚSTRIA
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), também registrou queda na produção e no emprego em 2011. Segundo a sondagem industrial, divulgada hoje pela CNI, o indicador de evolução da produção registrou 42,1 pontos, permanecendo abaixo da linha divisória dos 50 pontos desde setembro último e o índice do número de empregados, que assinalou 46,7 pontos no mês passado, está abaixo dos 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo e é o menor indicador desde o início da série mensal, em janeiro de 2010.
Os indicadores da Sondagem Industrial variam de zero a cem. Valores acima de 50 indicam aumento na atividade, do emprego e acúmulo de estoques indesejados.
O gerente-executivo da Unidade de Pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, explicou que o mercado doméstico foi movido sobretudo pela procura de produtos e insumos importados, enquanto a demanda por produtos nacionais se reduziu no ano passado. Somam-se a esse fator, assinalou, a crise econômica nos países da União Europeia e o consequente estreitamento do mercado internacional, que acirraram a concorrência, interna e externamente, dos produtos da China. “O ano de 2011 foi realmente muito ruim para a indústria brasileira”, completou