O governo vai anunciar, na próxima semana, um conjunto de medidas para estimular o setor automotivo, que enfrenta queda nas vendas, aumento no estoque e ameaça demitir trabalhadores.
Segundo um interlocutor, as medidas vão na linha de destravar o crédito e estimular as vendas de veículos, com redução do valor de entrada, atualmente em 40% e alongamento do prazo de pagamento, em 48 meses em média.
Para isso será criado um fundo garantidor, com aporte de recursos das próprias instituições financeiras, para cobrir eventuais calotes de clientes. O fundo seria semelhante ao Fundo de Garantia de Operações (FGO), que cobre a inadimplência dos empréstimos concedidos às pequenas empresas.
— Com esse fundo, os bancos passam a ter maior segurança na concessão do crédito para automóveis — disse uma fonte envolvida nas discussões, acrescentando que o pacote não contempla novas desonerações.
O governo também não descarta prorrogar o incentivo do IPI reduzido para automóveis, previsto para terminar no fim de junho, caso a conjuntura piore.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, os bancos estão “extremamente seletivos”, o que tem contribuído para o acúmulo de veículos nas montadoras. Segundo fontes do governo, as restrições são maiores nos bancos privados.
No Banco do Brasil, a concessão está estagnada; a exceção é a Caixa Econômica Federal, que fez parceria com diversas montadoras e realizou, entre os últimos dias 10 e 12, o Salão Auto Caixa em várias cidades, o que gerou aumento de 40% nas contratações em relação ao mesmo período do ano passado.
Dados do Banco Central (BC) mostram que o índice de inadimplência nos empréstimos para veículos estava em 7,5% em fevereiro, bem superior à media geral dos atrasos de pessoas físicas, que era de 1,7% no período (em janeiro, estava em 1,6%). Os números do BC indicaram queda no estoque de crédito na modalidade, que saiu de R$ 193 bilhões em janeiro para R$ 191,7 bilhões em fevereiro.