Governo já admite um mínimo maior que R$ 540 e piso deve chegar a R$ 560

Pressão pelo mínimo

Adriana Vasconcelos e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA e SÃO PAULO – Apesar das ameaças de veto feitas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega , caso o Congresso aprove salário mínimo acima dos R$ 540, o governo admite internamente que pode ceder para não impor à presidente Dilma Rousseff um gesto tão impopular já no início de seu mandato. (Leia também: Deputado Paulinho da Força Sindical quer que Dilma negocie valor do mínimo com centrais sindicais )

Uma emenda que deverá ser apresentada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), propondo um mínimo de R$ 560 , poderá balizar as negociações, já que durante a votação da proposta orçamentária da União para este ano técnicos da área econômica chegaram a admitir como teto R$ 550. A oposição deve esquentar o debate, já que o PSDB deverá defender mínimo de R$ 600, proposto na campanha eleitoral.

– A pressão para aumentar o mínimo é grande, especialmente na Câmara. Acredito que o governo vai ficar num meio-termo. Nem os R$ 540 da equipe econômica, nem os R$ 580 defendidos pelas centrais sindicais – previu o presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), reiterou que a bancada peemedebista só deverá se posicionar oficialmente após negociação com a equipe econômica. Segundo ele, a iniciativa de Eduardo Cunha de apresentar emenda elevando o mínimo para R$ 560 não representa a posição do partido:

– Essa proposta é por conta e responsabilidade dele (Eduardo Cunha).

O governo já se prepara para enfrentar a pressão do Congresso e das centrais, que contam com o lobby do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. Ele apresentará emenda propondo a elevação do mínimo para R$ 580.

Cotado para ser o novo líder do PSDB na Câmara, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) disse nesta quinta-feira que sua posição é pelo mínimo de R$ 600:

– Pretendo defender (junto à bancada) a emenda dos R$ 600. Defendemos na campanha eleitoral. Alguma coisa fora disso não parece coerente.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o valor de R$ 540 será alterado, já que o governo corrigiu o mínimo em 5,88%, quando o valor cheio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou em 6,41%.

– O mínimo será de R$ 542 ou R$ 543, por causa do INPC. Mas não será R$ 560 ou R$ 580. Ou a presidente edita uma nova MP corrigindo, ou corrigimos no Congresso – disse Cândido Vaccarezza.

Em São Paulo, o deputado Paulo Pereira da Silva pediu ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que leve à presidente Dilma o pedido de reabertura de negociação sobre o novo valor do mínimo.

PDT quer presidências de Itaipu e Eletrosul

Maia respondeu que apoiará o debate sobre a revisão do mínimo, mas não se comprometeu a endossar a proposta de R$ 580. Além de um salário mínimo superior a R$ 540, o PDT quer a nomeação do senador Osmar Dias (PDT-PR) para a presidência de Itaipu e do deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MT) para o comando da Eletrosul.