Jornal da Tarde
O governo deixou claro ontem que não aceita um índice acima de 7% para reajustar as aposentadorias com valor acima do salário mínimo.
“Além de 7%, não há possibilidade de prosseguirmos a negociação”, afirmou ontem o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após reunir-se com líderes dos partidos que formam a base do governo na Câmara. Parlamentares defendiam um aumento de 7,71%, como sugeriu na semana passada o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Com a falta de acordo, a votação da medida provisória do reajuste deve ficar para a última semana de abril.
Padilha afirmou que, mesmo em ano eleitoral, o presidente Lula está disposto a vetar a proposta dos senadores, caso seja aprovado pelo Congresso. “Já vetamos outras vezes”, disse Padilha. Ele lembrou que, em 2006, o governo vetou um aumento aprovado pelo Legislativo.
A MP que reajusta as aposentadorias acima do mínimo já está em vigor e prevê reajuste de 6,14%. Mas ela tem que ser ratificada pelo Congresso e, sob pressão de aposentados e sindicalistas, os parlamentares passaram a discutir um reajuste mais alto. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que é relator da MP, comprometeu-se a defender aumento de 7%. O senador Romero Jucá propõe 7,71%.
Ontem, Vaccarezza reafirmou que o governo chegou ao limite e que não concederá mais do que 7%. Ele afirmou que, na MP, o governo já concedeu aumento real às aposentadorias acima de um mínimo, cuja correção inicial seria só pela inflação de 3,45%.
Vaccarezza afirmou que vai apresentar o seu parecer com o índice de 7%, no lugar dos 6,14% fixado no texto original da MP, resultado de acordo entre governo e centrais sindicais. “Os 7% estão garantidos pelo presidente Lula”, disse.
Ele calcula uma despesa de R$ 5 bilhões com os 7%. Nas contas dos que defendem os 7,71%, a diferença entre as duas propostas representa R$ 600 milhões a mais.