Produção do setor caiu 14,9% em 2011, afetando a indústria em metade das regiões do país, incluindo Rio e SP
Eliane Oliveira
Martha Beck
Marcio Beck
O governo poderá estender ao setor de tecidos e confecções a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para importados, como fez com automóveis. O alvo da medida de novo é a China, que vem inundando o mercado brasileiro com seus têxteis baratos e prejudicando a indústria nacional. Segundo técnicos da equipe econômica, o uso do IPI para proteger o mercado doméstico deu resultados no setor automotivo e, além dos têxteis, pode se estender a qualquer segmento afetado pela crise global e pela guerra cambial.
Os técnicos reconhecem que a alta do IPI de veículos importados foi uma medida polêmica e contestada por outros países. Integrantes da Organização Mundial do Comércio (OMC), como Austrália, Coreia do Sul, Colômbia e Estados Unidos, além da União Europeia, chegaram a pedir à delegação brasileira explicações sobre a medida, que visou a proteger a indústria nacional da competição dos importados mais baratos. Mas o entendimento é que o mundo está adotando medidas para fechar seus mercados, e o Brasil não pode se tornar refém nesse cenário.
A indústria têxtil brasileira foi uma das prejudicadas com a crise e a alta do real. Só em 2011 as importações de têxteis subiram 53% sobre o ano anterior, atingindo US$ 1,973 bilhão. A Ásia foi o maior fornecedor. No mês passado, as importações cresceram 72%. Como os carros, a maioria dos têxteis é tributada em 35% com o Imposto de Importação. Por isso, o caminho mais fácil é elevar o IPI da compra no exterior. Segundo graduada fonte do governo, ao restringir importações, o governo isenta das barreiras empresas interessadas em investir no Brasil. Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o IPI maior de têxteis é um equívoco, como o de veículos:
— São medidas protecionistas. O governo ataca problemas e não causas. É preciso reduzir carga tributária e a burocracia.
Afetada por importados da China, a produção têxtil caiu 14,9% em 2011. Segundo o IBGE, o setor puxou para baixo a indústria em metade das 14 regiões pesquisadas, incluindo Rio, onde o segmento caiu 10,1% e São Paulo (-8,7%). No geral, a produção cresceu em 9 áreas, sendo seis acima da taxa nacional (0,3%). Minas e Rio cresceram 0,3%, e São Paulo só 0,2%. Os destaques foram Paraná (7%) e Espírito Santo (6,8%). O Ceará teve o pior resultado (-11,7%), com têxteis caindo 25%. O gerente do IBGE André Macedo diz que o Paraná cresceu puxado por veículos (29,9%) e edição (49,2%).