Após duas idas do ministro da Fazenda ao Congresso, Planalto edita nova Medida Provisória com índices de correção conforme a faixa salarial, proposta pelo PMDB
O governo recuou nesta terça feira, 10, e decidiu escalonar a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. Antes, a presidente Dilma Rousseff defendia que o índice máximo suportado pela União era de 4,5%. Agora, após duas idas do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao Congresso, ficou acertada a edição de uma medida provisória nesta quarta com as novas regras do tributo.
O acordo com o governo foi fechado na segunda ida de Levy ao Senado. A equipe econômica concordou em acatar a proposta apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), com a criação de faixas de correção do IR: 6,5% para renda de até R$ 2.840,06; 6% para rendimento até R$ 3.751,06; 5% até R$ 4.664,68; e 4,5% para ganho mensal acima de R$ 4.664,68. A parcela de dedução mensal, de acordo com as faixas de renda, passa do mínimo de R$ 134,08 para R$ 144,81, e o máximo passa de R$ 826,15 para R$ 881,53.
O recuo do governo ocorre num momento em que a equipe econômica tenta aprovar medidas duras de aumento de tributos e corte de benefícios para fechar as contas públicas em 2015. O impacto da correção escalonada da tabela do IR será de R$ 6 bilhões em um ano e entrará em vigor em 2 de abril.
“Concluímos por um valor que é suportável”, disse Levy, após o acordo. O ministro afirmou que o governo buscará uma forma de acomodar essa redução na arrecadação e que isso não vai afetar a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) – economia para amortizar os serviços da dívida.
Estratégia. A cúpula do PMDB decidiu apadrinhar a aprovação no Congresso de uma correção maior na tabela do IR maior que a pretendida por Dilma. A postura indica dois objetivos do partido, insatisfeito com a condução política do governo: mostrar sua relevância para a aprovação das medidas do ajuste fiscal e tentar melhorar a imagem da legenda, atingida pela inclusão dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), na lista dos investigados por irregularidades apuradas na Operação Lava Jato.
Essa posição foi encampada pela cúpula do PMDB, após reunião na noite de segunda feira. Os dirigentes avaliaram na casa de Renan as relações do partido com o governo, os estragos feitos pela divulgação da lista dos políticos suspeitos na Lava Jato e uma forma de sair das cordas. Concluíram que o melhor seria buscar o apoio da classe média. O Congresso havia aprovado uma correção de 6,5% na tabela do IR, mas o índice foi vetado por Dilma. O PMDB ameaçou articular a derrubada do veto no Legislativo, o que seria uma derrota grave para o governo, mas concordou em abortar esse plano no acordo de ontem.
O panelaço de domingo, durante pronunciamento de Dilma, levou o governo aceitou uma correção maior da tabela. “O fundamental que deve ser comemorado é que é uma proposta do Parlamento para resolver um grande problema”, disse Renan.
Veja como fica o recolhimento do Imposto de Renda com a correção da tabela em 2 de abril:
– Trabalhador que recebe até R$ 1.903,98: isento de imposto.
– Salário acima de R$ 1.903,98 até R$ 2.840,06: cobrança de alíquota de 7,5% (correção na tabela de 6,5%)
– Salário acima de R$ 2.840,06 até R$ 3.751,06: alíquota de 15%. (correção 6%)
– Salário acima R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68: alíquota 22,5%. (correção 5%)
– Salário acima de R$ 4.664,68: alíquota 27,5%. (correção 4,5%)
25 milhões de brasileiros que declaram Imposto de Renda devem ser beneficiados
16 milhões estão na faixa de correção maior de 6,5%