Empregados reivindicam equiparação salarial com metalúrgicos de outras unidades; ontem, houve protestos na fábrica
Funcionários da General Motors de Gravataí (RS) reivindicam equiparação salarial com os metalúrgicos da empresa em São Caetano do Sul e São José dos Campos (SP) e ameaçam entrar em greve a partir de quarta-feira. Ontem, eles realizaram protestos e atrasaram em duas horas o início dos três turnos de trabalho na unidade que produz os modelos Celta, Onix e Prisma.
Segundo o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, o piso salarial na unidade é de R$ 1 mil, enquanto nas outras duas é de R$ 1,7 mil. Com dissídio coletivo em abril, a categoria também reivindica pagamento de participação nos lucros e resultados (PLR) similar ao pago nas filiais de São Paulo, que em 2012 foi de R$ 12 mil. “Aqui, recebemos R$ 7 mil”, informa o sindicalista.
Na terça-feira, o sindicato se reúne com dirigentes da GM e, se não houver acordo, Ascari garante que começará “uma greve por tempo indeterminado na quarta-feira”. A direção da montadora informa que não comentará o assunto enquanto negocia com os funcionários.
O complexo da GM em Gravataí emprega cerca de 8 mil funcionários, incluindo as 19 fabricantes de autopeças que atuam ao lado da linha de montagem de veículos.
A GM – assim como outras montadoras que optaram por abrir novas fábricas fora de São Paulo no fim dos anos 90 -, buscava fugir dos altos salários pagos na região Sudeste e do movimento sindical mais organizado. A Volkswagen de São José dos Pinhais (PR) enfrenta situação parecida à da GM.
Sem investimento. Recentemente, a GM dispensou 598 funcionários da unidade de São José dos Campos, após o fim da produção dos modelos Corsa, Meriva e Zafira. Por falta de acordo de flexibilização nas relações trabalhistas com o sindicato local, o grupo não investiu em novos produtos naquela fábrica.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí é ligado à Força Sindical, assim como o de São Caetano. Segundo Ascari, que também é secretário da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Força, para o encontro de terça-feira foram convidados representantes dos sindicatos de Catalão (GO), Grande Curitiba (PR) e São Paulo.
“Queremos criar uma frente pela equiparação salarial, pois as montadoras estão ganhando muito dinheiro no Brasil e enviando bilhões para o exterior”, diz Ascari. “A fábrica de Gravataí recebe subsídios do governo, está vendendo muitos carros, mas paga baixos salários”. Durante o protesto de ontem, o trânsito na rodovia que dá acesso à fábrica foi interrompido, causando congestionamentos.
Terceiro turno. Em março, a GM iniciou um terceiro turno de trabalho no complexo inaugurado em 2000. Montadora e fornecedores contrataram 2.450 funcionários nos últimos meses.
A empresa também concluiu recentemente reforma que ampliou a capacidade produtiva de 230 mil para 380 mil veículos ao ano, projeto que consumiu US$ 1,4 bilhão, incluindo o desenvolvimento do Onix. O modelo aparece em sexto lugar na lista dos carros mais vendidos no País.