Greve da Refinaria vai parar no Planalto

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Sindicato das empresas se reúne, em Brasília, com representantes do governo federal e da Petrobras por conta da paralisação

Publicado em 17/08/2012, às 08h24

Adriana Guarda e Felipe Lima

Greve já dura mais de duas semanas / Foto: Guga Matos/JC Imagem

Greve já dura mais de duas semanas

Foto: Guga Matos/JC Imagem

Depois que pela terceira vez um acordo entre empresas e Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada de Pernambuco (Sintepav-PE) foi ignorado pela massa de 51 mil operários da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e PetroquímicaSuape (PQS), a greve de 16 dias nos dois maiores empreendimentos do Estado foi parar no Palácio do Planalto, em Brasília. Hoje, às 9h, o Sindicato Nacional das Indústrias de Construção Pesada (Sinicon) vai apresentar o cenário desgastado de negociações no Complexo de Suape ao assessor especial para área sindical da Secretaria-Geral da Presidência da República, José Lopez Feijóo.

A reunião contará ainda com a participação da Petrobras. A esperança é que do encontro saia a quarta tentativa de fazer as obras voltarem ao normal. A reunião de emergência nasce fadada ao fracasso. Apesar de convocada, o presidente em exercício da Força Sindical no País, Miguel Torres, avisou que a entidade não vai comparecer. “Já cumprimos o nosso papel. Fizemos o melhor acordo do País. As empresas flexibilizaram ao máximo. O que está acontecendo é um grupo de pessoas, 16 para ser mais exato, trabalhadores ou não, usando de violência para parar. Se o governo federal resolvesse alguma coisa, as greves no serviço público já teriam acabado. Não tem jeito”, resumiu. A teoria de um “grupo terrorista” infiltrado nas obras é alimentada também pelas empresas e veio à tona ainda no primeiro dia de problemas, o 31 de julho, quando operários foram forçados a abandonarem seus postos.

Ela foi utilizada mais uma vez ontem para camuflar um outro problema: empresas e Sintepav- PE cantaram vitória antes da hora e esqueceram de explicar com cuidado o acordo aos  erários (ver matéria ao lado). Em reserva, alguns diretores de grupos a frente de obras da Rnest afirmam que nem se todos os dias fossem abonados haveria jeito, já que uma minoria agressiva tem rechaçado qualquer acordo. “O que existe é uma fábrica de boatos. Alertaram sobre possíveis demissões, quando não faríamos isso nesse momento. Ou você acha que as empresas jogariam gasolina na fogueira”, comentou um executivo.

Advogada do Sinicon, Margareth Rubem, também voltou a mencionar que um grupo isolado tem feito de tudo para dificultar a volta à normalidade nas obras. “O acordo foi excepcional. Os ônibus rodaram, houve alimentação, policiamento. Mas a Rnest como um todo foi vítima da desobediência de um grupo menor”, definiu. Torres engrossou as queixas: “Se você ver o vídeo de assembleias passadas vai identificar que é sempre um mesmo grupo. Fizemos as denúncias ao vice-governador do Estado, João Lyra, pedimos que a polícia utilizasse seu serviço de inteligência”. Rebateu ainda as críticas de que não houve avisos suficientes aos operários.

“Colocamos mais de 100 homens das nossas comissões para fazer a divulgação”, justificou. Hoje, o expediente na Rnest e PQS é só para empregados da área administrativa, refeitório e empresas terceirizadas de serviços gerais. Motoristas de ônibus pressionaram novamente as empresas de transporte e decretaram que só voltam a conduzir os operários quando a novela chegar ao fim. “Não dá para por em risco a integridade física dos motoristas, que já chegaram a apanhar na cara de homens encapuzados”, resumiu o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário, de Turismo e Fretamento (Sintrastur), Paulo do Espírito Santo.