Folha de S. Paulo
Com capacidade para fabricar 200 vagões de trem por ano, a Hyundai Rotem Brasil inaugurou nesta quarta-feira (30) uma fábrica de trens e composições ferroviárias no país já com pedidos para praticamente dois anos de produção.
Anunciada há 11 meses em Araraquara (a 273 km de São Paulo), a fábrica tem 21 mil metros quadrados de área construída, recebeu investimento de R$ 100 milhões e inicialmente deve gerar 300 empregos.
A cidade, na região central do Estado, foi escolhida devido à localização estratégica no mapa paulista: tem aeroporto, é cortada por ferrovia e tem rodovias duplicadas em seu entorno, o que pode transformá-la num polo logístico.
Em seu discurso na inauguração, o CEO mundial da Hyundai-Rotem, Seung-tack Kim, disse que já há contratos para a produção de 130 vagões para as linhas 1 e 2 de Salvador (BA) e de 240 para a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
No caso da CPTM, são 30 trens, com oito vagões cada, que devem circular ainda neste ano. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que participou da inauguração, disse que em maio a Linha 13 da CPTM abrirá licitação para a compra de mais oito trens, com oito vagões cada um:serão 64, no total.
Todas as encomendas atuais são para o transporte de passageiros, mas a fábrica foi projetada para produzir vagões de carga, VLT (Veículo Leve sobre Trilho) e trens de alta velocidade.
Isso significa que, com a capacidade de produção atual, já há encomendas para quase dois anos.
À Folha o sul-coreano Kevin Choi, vice-presidente comercial mundial da Hyundai Rotem, disse que a fábrica resolveu se instalar no Brasil devido à localização e à bem sucedida instalação da fábrica de veículos da Hyundai em Piracicaba.
“Vemos um grande potencial do Brasil como mercado, mas não só por ele, também para nos expandirmos para países da América do Sul, como Chile, Colômbia, Peru e Argentina. São países que procuram por novos negócios e soluções ferroviárias”, disse.
O embaixador da Coreia do Sul Jeong-gwan Lee afirmou que o Brasil é o principal parceiro comercial de seu país na América Latina e que a abertura da fábrica deve estreitar os laços diplomáticos entre os países, restabelecidos desde 1959.
Com a abertura da fábrica, a Prefeitura de Araraquara tem como meta implantar um inédito curso de engenharia ferroviária no país. A Fatec, que está em obras na cidade, oferecerá cursos de construção ferroviária.