O diretor Luís Carlos de Oliveira, o Luisinho, coordenador do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador, do Sindicato dos Metalúrgicos SP e secretário-adjunto da Secretaria de Saúde e Segurança do do Trabalhador da Força Sindical, participou do XIII Seminário Internacional Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, realizado na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), em Chapecó, Santa Catarina.
Luisinho compôs a mesa de debates, que também contou com a participação do técnico e economista Thomaz Ferreira Jensen, da Subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, que fez uma palestra sobre “A governança dos riscos laborais da nanotecnologia”.
O Seminário também contou com a participação de representantes da Fundação Jorge Duprat e Figueiredo (Fundacentro), do Inercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas (Iiep), do Sindicato dos Petroquímicos de Triunfo e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No encontro, Luisinho disse que “a realização deste seminário foi de grande importância para debatermos o Marco Regulatório de Ciência, Tecnologia e Inovação, em vigor desde janeiro deste ano no Brasil. É uma regulação que ainda não atende nossas necessidades de priorizar a saúde dos trabalhadores e a existência de ambientes de trabalho seguros e saudáveis. No entanto, este seminário permitiu que tenhamos bastante acúmulo de propostas para levar ao Governo e ao Congresso para que aperfeiçoemos esta regulação, necessária para o desenvolvimento tecnológico do País”.
“A importância desta regulação”, disse Luisinho, “ é que vai orientar as ações do Governo Federal e o uso de recursos públicos para pesquisa sobre diversas tecnologias, entre as quais a nanotecnologia, além de balizar a atuação das empresas que atuam no setor”.
“Uma das grandes lacunas do Marco legal é não assegurar a devida responsabilidade das empresas sobre a gestão dos riscos das novas tecnologias, como a nanotecnologia. Estes riscos são ainda muito pouco pesquisados e avaliados. Nossa luta é por ampliar o volume de recursos para que pesquisas nesse sentido sejam realizadas. A saúde do trabalhador depende essencialmente da gestão responsável pelas empresas em relação aos ambientes de trabalho, que tem que ser seguros e saudáveis, declarou.
O que são as nanotecnologias
“As nanotecnologias manipulam a matéria na escala de átomos e moléculas. A unidade de medida é o nanômetro, que equivale a um bilionésimo do metro. Para se ter uma idéia, uma bola de futebol está para o globo terrestre assim como um nanômetro está para um metro.
Moléculas em escala tão pequena têm grande relação superfície/volume, responsável por novas propriedades físicas e químicas, como aumento da reatividade química na superfície da nanopartícula.
Processos produtivos baseados em nanotecnologia conseguem alterar formas, fórmulas e funções de produtos que já fazem parte da nossa vida. Alguns produtos que já contam com materiais nanoestruturados são medicamentos de combate ao câncer e cosméticos que são mais rapidamente absorvidos pelo corpo. Estima-se que o mercado de nanomanufaturados chegará a 2,4 trilhões de dólares em 2014, o que significará 15% de todos os produtos manufaturados globais contendo algum nanomaterial em sua fabricação.
A introdução das nanotecnologias em processos produtivos vem ocorrendo principalmente nos países centrais do capitalismo, em que estão sediadas as matrizes das corporações transnacionais. Nos países da periferia, como o Brasil, as nanotecnologias, muitas vezes, podem estar sendo incorporada aos processos produtivos das filiais destas corporações aqui instaladas, numa relação intra-firma que escapa totalmente ao controle público, seja da sociedade, seja dos órgãos do Estado que deveriam se encarregar desta regulação.
A constatação de que as propriedades dos elementos químicos e materiais se alteram quando manipulados em escala nanométrica e a ausência de estudos mais profundos comprovando que tais elementos e materiais não representam riscos à saúde e ao meio-ambiente, levam cientistas a sugerir cautela nas pesquisas e na utilização das nanotecnologias. Muitas das características que fazem da nanotecnologia um campo promissor, podem produzir efeitos indesejáveis quando se trata de saúde e meio-ambiente”.
