Importação de carro pode aumentar, diz Anfavea

Governo elimina redução no imposto sobre autopeças

GIULIANA VALLONE
DA REPORTAGEM LOCAL

A retirada do benefício de redução de 40% sobre o Imposto de Importação de autopeças pode aumentar a importação de veículos montados para o país, desequilibrando ainda mais a balança comercial do setor automotivo, afirmou ontem o presidente da Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini.

“Os produtos que têm menor volume de produção e maior de importação serão seriamente afetados, com aumento de custos que provavelmente serão repassados para os preços”, afirmou. “O grande perigo é que esses produtos percam a competitividade [por conta do aumento] e passem a ser importados inteiros.”

Nos primeiros quatro meses deste ano, foram licenciados 191.341 carros importados no país. O número corresponde a 18% das vendas totais do setor.

A Anfavea prevê que o número de veículos vindos do exterior feche o ano em aproximadamente 580 mil unidades, ante 488,9 mil no ano passado. Já as exportações somarão 530 mil veículos -crescimento de 11,5% em relação a 2009.

“A medida foi criada para reduzir o deficit da balança de autopeças, mas pode desequilibrar ainda mais a balança de veículos”, disse Belini. O fim da redução, que entrará em vigor em seis meses, foi anunciada na quarta-feira.

A Anfavea divulgou ontem que a produção de veículos no país caiu 14,6% em abril, para 289.997 veículos, ante 339.579 (dado revisado) em março -o melhor mês da história do setor, beneficiado pela corrida dos consumidores às lojas em razão do fim do IPI menor.

E o número pode registrar nova queda neste mês, para que as montadoras ajustem seus estoques, que cresceram 20% em abril. Segundo a Anfavea, o volume estocado em março somava 18 dias de vendas (202,8 mil unidades). Em abril o nível de estoque subiu para o equivalente a 22 dias (241,6 mil).

Para Belini, maio deve manter o patamar de produção próximo a abril. “Mas os estoques estão aumentando, precisamos ver como vai ocorrer a equalização desses níveis.”

Recordes

Nos primeiros quatro meses do ano, a produção cresceu 22,6% ante o mesmo período em 2009, atingindo 1,126 milhão de unidades. O número é um novo recorde para a indústria, superando a marca histórica de 1,09 milhão de 2008.

As vendas também fecharam os quatro primeiros meses de 2010 em patamar histórico. Foi 1,065 milhão de unidades emplacadas no período, superando a melhor marca até então, de 2008 (909,2 mil).

A previsão da Anfavea para o ano é de produção de 3,39 milhões de unidades e vendas de 3,4 milhões, números que, segundo Belini, já contemplavam a queda resultante do fim do IPI reduzido.