Conjuntura: Empresas se preparam para atender encomendas entre 10% e 40% maiores no fim do ano
João Villaverde, Samantha Maia e Murillo Camarotto | de São Paulo e Recife
Carlos Eduardo Padula, diretor-comercial da Hope: vendas neste ano serão 40% maiores que as do ano passado
Empresas que usam insumos importados ou mesmo nacionais, mas de diferentes fornecedores, anteciparam a compra de componentes para evitar falta de itens quando a produção ficar muito acelerada, como em outubro e novembro. A LG, que importa 75% dos componentes usados na fabricação de aparelhos de celular, televisores e eletrodomésticos, começou sua preparação no primeiro semestre. “Neste ano antecipamos um pouco mais do que o normal os pedidos de importação. Já em maio compramos insumos estrangeiros porque a perspectiva para o fim do ano é ótima”, diz Eduardo Toni, diretor de marketing da LG.
Como ocorre em anos de Copa do Mundo, parte das vendas de fim de ano foram feitas em maio e junho. Por isso, a empresa avalia que as vendas no último trimestre serão entre 7% e 10% maiores que em igual período de 2009. As duas fábricas da LG, em Manaus e Taubaté, operam com três turnos e a companhia espera contratar até 550 temporários para fortalecer a produção dos 5,5 mil trabalhadores.
Para atender um aumento de consumo que deve ser 25% maior no último trimestre deste ano sobre igual período de 2009, a Lorenzetti aposta na produção plena de seus mais de 3,3 mil funcionários, número 10% maior que no fim do ano passado. Até dezembro a empresa terá 102 novos produtos, entre chuveiros elétricos, pias, aquecedores a gás e filtros de água.
Segundo Alexandre Tambasco, gerente de marketing da companhia, o planejamento de 2010 levou em conta dois pontos: a sazonalidade, que impulsiona a venda de filtros de água no verão e diminui a de chuveiros, e o ritmo acelerado do consumo vivido ao longo do ano. “Todas as importações de insumos e a entrega das matérias-primas de fornecedores nacionais estão programadas desde o início do ano, quando já estava claro que a economia cresceria muito”, diz.
O pico de produção ocorrerá entre o início de novembro e o dia 15 de dezembro, para antecipar as férias coletivas. “Isso ocorrerá sem a contratação de temporários e será concentrada para evitar falta de produto”, afirma Tambasco. A empresa, diz ele, precisa ter uma “sintonia fina” entre produzir o suficiente para atender a demanda dos distribuidores e formar estoques indesejados.
Com três unidades no município de Maranguape, região metropolitana de Fortaleza (CE), a fabricante de lingerie Hope viu superadas as suas já otimistas projeções para o fim de ano. De acordo com seu diretor-comercial, Carlos Eduardo Padula, a empresa vinha se preparando para uma expansão de 30% nas vendas, mas acredita agora que os negócios vão superar em 40% o desempenho observado no mesmo período de 2009.
Para dar conta da demanda que cresce vertiginosamente no segundo semestre, o executivo informou que a Hope já contratou cerca de 150 funcionários. Agora, com a expectativa para as vendas de fim de ano elevada para 40%, outros 100 a 150 trabalhadores devem chegar às fábricas, que desde julho estão operando aos sábados. “Estamos nos preparando para começar a trabalhar aos domingos”, informou Padula.
Em Pernambuco, a fabricante de computadores Elcoma espera vender 7 mil unidades em dezembro, mais que o dobro das 3 mil comercializadas no mesmo período do ano passado. O salto considera o aumento de capacidade implementado neste ano, mas mesmo assim a Elcoma terá de contratar pelo menos 30 funcionários, um acréscimo de 50% no quadro de 61 trabalhadores. De acordo com o presidente da empresa, Julio Gil Freire, os novos funcionários serão efetivados, em função das projeções otimistas para 2011. A empresa também planeja horas extras. O turno de trabalho na fábrica, atualmente em oito horas diárias, será aumentado em cerca de 40% nos últimos meses do ano.
Paulo Braga, diretor-superintendente da Mallory, diz que a programação da empresa até o fim do ano para produção de ventiladores, batedeiras e liquidificadores está praticamente fechada. Para conseguir atender às encomendas, a empresa conta com a terceira unidade de produção recém-inaugurada, e cujo investimento foi definido no começo do ano.
A nova unidade iniciou as atividades em setembro e em novembro entrará em operação total, o que elevará em 65% a capacidade produtiva da Mallory. Com a nova unidade, a empresa vai contratar 300 pessoas, ficando com um total de mil trabalhadores. Ela estima faturar 30% mais em 2010 em relação ao desempenho médio de 2008 e 2009.
A fabricante de eletroeletrônicos Samsung está otimista com o fim de ano, e espera um volume da produção entre 10% e 20% maior em relação ao fim do ano passado. Segundo o vice-presidente da empresa, Benjamim Sicsu, o crescimento será atendido com o aumento da produção dos produtos antigos e com o lançamento de novos itens. “Notebook e monitores comerciais são produtos novos que devem vender bastante nesse fim de ano”, conta Sicsu.
Para dar conta da produção extra, a empresa começou em agosto a mudança da fábrica para uma área mais ampla em Manaus. Não foram realizadas contratações específicas para o fim de ano, mas a empresa está com um quadro de funcionários 20% maior que em 2009. Toda semana, conta ele, são realizados ajustes com o varejo para acertar a produção e evitar sobras de estoque.
A fabricante de eletrodomésticos Latina projeta crescimento de 10% das vendas no fim de ano em relação a 2009. Para atender a demanda, inaugurou em julho uma segunda fábrica em São Carlos. “Estamos esperando para outubro e novembro uma produção recorde, sobretudo para as linhas de ventiladores de teto e produtos refrigerados, como purificadores e bebedouros”, diz Valdemir Dantas, presidente e CEO da Latina.
O investimento na nova uniade foi de US$ 300 mil. Ela aumentará a capacidade da empresa em 20%, mesmo percentual de aumento do quadro de pessoal. “As contratações iniciaram em julho já para atender a demanda de setembro e do final do ano”, diz Dantas.
(Colaborou Marta Watanabe)