Vandson Lima | De Brasília
O desaquecimento da atividade industrial continuou em abril, mas o setor conseguiu aumentar seu faturamento na comparação com março. Indicadores da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de horas trabalhadas, emprego, massa salarial e rendimento médio recuaram, enquanto a receita cresceu 2,7% em abril sobre março. Na comparação com abril do ano passado, contudo, houve queda real de 4,6%.
Fora o faturamento, a queda na indústria foi generalizada. As horas trabalhadas na produção ficaram praticamente estáveis, com leve queda de 0,1%, o emprego caiu 0,6%, a massa real de salários diminuiu 1,3% e o rendimento médio real dos trabalhadores recuou 0,2% sempre na comparação entre abril e março descontados os fatores sazonais.
Na comparação com abril do ano passado, o número de horas trabalhadas recuou 5,9 % e atingiu 18 dos 21 setores da indústria de transformação considerados na sondagem. O destaque negativo ficou para a indústria de veículos automotores, com queda de 19,4% nas horas trabalhadas em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado.
A pesquisa da CNI mostrou que o conjunto da indústria brasileira manteve em abril o mesmo nível de utilização da capacidade instalada (UCI) observado em março deste ano: 81,1%. O dado revela maior ociosidade em relação a abril de 2013, quando o nível de uso da capacidade ficou em 83,1%, considerado o ajuste sazonal.
Nos dados con ajuste sazonal, o nível de emprego recuou 0,6% em abril ante março, com ajuste. A massa salarial real caiu 1,3% na mesma comparação e cresceu 2,2% em relação a abril de 2013. O rendimento médio real dos trabalhadores teve queda de 0,2% na mesma comparação, no dado dessazonalizado. Comparado com igual período do ano anterior, aumentou 1,7%.
“Predominam os indicadores negativos. Para os próximos meses, a tendência é um mercado de trabalho mais fraco”, observou Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da CNI.
Na avaliação do economista, a permanência da desoneração da folha de pagamentos para 55 setores, anunciada pelo governo na semana passada, dá mais segurança para as empresas se planejarem, mas não influencia no curto prazo. “Precisa retomar a confiança dos agentes, tanto consumidores quanto empresários. Uma variável para a retomada é o investimento, reduzir custo de produção e tornar as empresas competitivas”, disse.