Variação do IPCA ficou dentro do teto da meta do Banco Central.
Em dezembro, taxa ficou em 0,92%, a maior para o mês desde 2002.
Do G1, em São Paulo e no Rio
Em 2013, os consumidores brasileiros viram os preços dos produtos e serviços subirem mais que no ano anterior.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a “inflação oficial” do país, por ser usado como base para as metas do governo, fechou o ano passado em 5,91% – acima da taxa de 5,84% de 2012. Apesar da aceleração, o índice ainda ficou dentro do teto da meta de inflação do Banco Central, de 6,5%.
Na comparação mensal, o IPCA passou de 0,54% em novembro para 0,92% em dezembro, conforme divulgou nesta sexta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As maiores influências para o aumento de preços no país partiram, em dezembro, dos gastos com transportes e, no ano todo, dos alimentos e das bebidas.
Em dezembro de 2012, o índice havia subido 0,79%.
A estimativa do mercado financeiro era que o IPCA de 2013 fecharia em 5,74%. Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, previa que a inflação ficaria próxima da registrada em 2012.
Maior variação em 10 anos
De acordo com a pesquisa do IBGE, a variação do índice em dezembro é a maior desde abril de 2003, quando ficou em 0,97%. Considerando apenas os meses de dezembro, este é o avanço mais intenso desde 2002, quando chegou a 2,10%.
Entre os nove grupos de gastos analisados pelo IBGE para calcular o IPCA, o de transportes registrou a maior variação, de 1,85%, contra 0,36% no mês anterior, e exerceu o maior impacto sobre a taxa de dezembro.
O que mais puxou o preço dos transportes para cima – influenciando fortemente o avanço do IPCA – foram os aumentos nos preços da gasolina, reajustados em 30 de novembro pelo governo, e de passagens aéreas, que ficaram 4,04% e 20,13% mais caras, respectivamente.
Considerados ao longo do ano como os vilões da inflação, os alimentos e as bebidas também tiveram seus preços aumentados, de 0,56% em novembro para 0,89% em dezembro. Apesar de essa variação não estar entre as três maiores, o grupo teve a segunda maior influência no cálculo do IPCA.
Com a segunda maior variação entre os grupos analisados, o de despesas pessoais subiu 1%, após ter registrado um aumento de 0,87% em novembro.
Exerceram as principais influências os preços relativos a empregados domésticos, que tiveram alta de 0,86%, e de excursões (viagens), que subiram mais ainda, 8,89%. Na sequência, estão as elevações de preços de cabeleireiro, que avançaram 1,99%, e de manicure, que subiram 1,55%.
De novembro a dezembro, também tiveram aumento os preços de artigos de residência, que pularam de 0,38% para 0,89%. Os preços de eletrodomésticos, que são usados no cálculo da variação desse grupo, subiram 1,78%, e os de serviços de conserto e manutenção da casa, 1,06%.
O grupo de comunicação, que tem um peso menor no IPCA, passou de 0,40% para 0,74%, e o de saúde e cuidados pessoais manteve a taxa do mês anterior, de 0,41%.
Na análise por região, a inflação pesou mais no bolso dos consumidores na região metropolitana de Salvador (1,34%), em grande parte pelo aumento da gasolina (15,85%) e do etanol (8,43%).
Já um alívio na alta de preços foi sentida na região metropolitana de Belém, cuja taxa ficou em 0,63%, a menor entre as capitais pesquisadas em dezembro, segundo o IBGE.
Farinha e lanches mais caros
Em 2013, a inflação de alimentação e bebidas, que tem maior peso no cálculo do IPCA e é mais facilmente percebida pelos consumidores, registrou a maior alta, de 8,48%, e a maior influência entre os nove grupos de despesas pesquisados pelo IBGE.
No entanto, na comparação com o resultado de 2012, que acumulou aumento de 9,86%, a inflação dos alimentos em 2013 foi mais branda. No ano passado, pesaram as variações de preços de alimentos consumidos fora de casa, puxadas por lanche e café da manhã, que subiram perto de 12%, e também as oscilações dos alimentos consumidos dentro de casa, com destaque para o avanço de preços de farinha de trigo, batata inglesa e feijão preto.
O grupo de gastos com transporte mostrou uma variação menor que a dos outros grupos, mas não menos importante, já que esse é o segundo grupo de maior peso no orçamento das famílias. A taxa passou de 0,48% para 3,29%, influenciada pelos custos de combustíveis e automóveis.