JoPor Letícia Arcoverde | Valor
SÃO PAULO – Uma geração em que mais da metade das pessoas passa pelo menos uma hora por dia conectada à internet, mais de 20% passam mais de três horas na rede e poucos distinguem se o que fazem tem a ver com a vida pessoal ou a profissional. Esse é o perfil dos jovens entre 18 e 29 anos que participaram de um estudo da fabricante de celulares Ericsson, que procurou mapear a geração Y brasileira.
Segundo o levantamento com mais de 350 pessoas, justamente por misturarem a vida pessoal e a profissional, esses jovens valorizam muito mais o equilíbrio do que os mais velhos. “Essa geração não vive para trabalhar, o trabalho é que precisa se encaixar no plano de vida deles”, explica Luciana Gontijo, responsável pela área de “consumer lab” da Ericsson para a América Latina, responsável por pesquisas sobre os consumidores da marca. No caso da geração Y, são profissionais que não se interessam pela possibilidade de fazer carreira na mesma empresa, mas que são motivados pela experiência. A grande maioria, 90%, diz que só trabalha com aquilo que gosta. Ao mesmo tempo, 45% dizem que pretendem alcançar um status social mais alto do que o que têm no momento – mas completam que não o fariam “a qualquer custo”. Uma parte considerável dos entrevistados (22%) já é dona do próprio negócio.
Além do emprego em si, o ambiente de trabalho influencia a opinião dessa geração sobre a vida profissional. Como os jovens estão cada vez mais conectados, a flexibilidade de horário e local de trabalho é um aspecto valorizado por eles. Mais de 60% consideram importante poder ser encontrado onde estiverem, e 31% já possuem celular com acesso à internet, além de 27% usarem a rede de um notebook. “Eles se perguntam por que precisam estar no escritório e dizem ‘se quero produzir o melhor de mim, posso estar onde eu quiser para isso’”, explica Luciana.
Uma análise qualitativa da pesquisa mostrou também a importância de as empresas manterem uma presença relevante na internet e entenderem o mundo on-line em que os jovens se relacionam para atrair esses profissionais. Segundo os dados, 90% dos jovens estão cadastrados em pelo menos uma rede social, 56% fazem atualizações diárias, e 25% também o fazem do celular. Para conversar com esses jovens, é preciso mais do que permitir que os profissionais acessem mídias sociais e usem a rede para fins pessoais durante o expediente – até porque essa geração não faz essa distinção, explica Luciana. Segundo ela, se o jovem perceber que a empresa não entende e não possui uma presença coerente nas redes sociais – ou seja, se ela não estabelecer um diálogo e abrir um canal para se comunicar com os usuários – ele perde o interesse em atuar na companhia. “O pensamento é: se a empresa não está se relacionando com a rede, ela não quer se relacionar comigo”, diz.