O rompimento das barragens da Vale em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, revela-nos novamente que prevalecem no País a ganância empresarial, a impunidade e o descaso dos governantes que deveriam mas não zelam pela vida, pela segurança dos trabalhadores e das comunidades e pelo meio-ambiente.
Quantos ainda precisam morrer para que a sociedade se comova e a justiça intervenha nos grupos econômicos que exploram as nossas riquezas e só deixam misérias e desgraças para o nosso povo?
Minas Gerais serve de feudo para estes grupos, com diversas cidades totalmente dependentes destas empresas exploradoras de minério, sem investimentos em outros segmentos produtivos que garantam uma vida digna, próspera e segura para todos.
Há mais de três anos, quando ocorreu a tragédia da Samarco na região de Mariana, estivemos na região, juntamente com o Fórum de Saúde de Minas Gerais, para levar nossa solidariedade, repudiar a negligência e exigir soluções que até hoje não foram colocadas em prática devidamente.
Vale lembrar que a Samarco, mesmo com conhecimento sobre as infiltrações nos túneis de passagem e as rachaduras na barragem, manteve a produção e não fez os ajustes necessários. Depois do ocorrido, os diretores da empresa chegaram a falar em “fatalidade”, para ficarem isentos de responsabilidade perante a “tragédia” anunciada.
Aliás, desde esta época, tornou-se público que muitas outras barragens, só em Minas Gerais, estavam em situação precária, inclusive esta da mina da Vale em Brumadinho (em fiscalização do hoje extinto Ministério do Trabalho).
Fica aqui registrado novamente o nosso protesto, o repúdio à ganância empresarial e ao descaso das autoridades “competentes”.
E, ao contrário do que costumam dizer o presidente Jair Bolsonaro e membros do governo, consideramos essencial e urgente o fortalecimento das entidades fiscalizadoras, dos movimentos e ativismos ambientais e das lutas do movimento sindical em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da saúde e segurança dos trabalhadores e da vida.
A sociedade brasileira não pode ser conivente e aceitar passivamente que este tipo de tragédia, que poderia sim ser evitada, continue ocorrendo em nosso País sem a devida punição aos responsáveis.
Enviamos, enfim, nossa solidariedade às famílias das vítimas de Brumadinho, às comunidades e aos trabalhadores da Vale, na esperança que a terrível dor deste momento seja brevemente minimizada e que a vida siga em frente e a justiça prevaleça!
Miguel Torres – presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes
Arnaldo Gonçalves – secretário de Saúde e Segurança do Trabalhador da Força Sindical
Luís Carlos de Oliveira (Luisinho) – secretário-adjunto de Saúde e Segurança do Trabalhador da Força Sindical e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes responsável pelo Departamento de Saúde do Trabalhador