Mantega: ajuste fiscal para baixar juro

Martha Beck

Ministro diz que governo pretende desonerar folha de toda a economia

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu ontem que o Brasil tenha uma política fiscal austera que abra espaço para queda mais rápida das taxas de juros no país. Segundo Mantega, elas são importante instrumento de política monetária com poder de assegurar o crescimento da economia — estimado por ele de 4%:
— Se houver piora do quadro internacional, vamos tomar medidas para evitar que o nosso PIB (Produto Interno Bruto) caia. Temos muitas armas monetárias que podem ser usadas — disse o ministro, destacando como exemplos a Selic (juros básicos da economia) e os compulsórios (recursos que os bancos depositam obrigatoriamente no Banco Central e somam hoje mais de R$420 bilhões).
Mantega, que participou de audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal, destacou que a queda dos juros vai ocorrer quando o Banco Central achar que é o momento. Mas ressaltou:
— Reduzir a Selic é prioridade sob todos os pontos de vista.
Monitorado com lupa pela própria presidente Dilma Rousseff, o crescimento do PIB é o que vai determinar como o governo vai combinar as políticas fiscal e monetária daqui em diante. Pelos cálculos do Executivo a variação do PIB no segundo trimestre ficará entre 0,5% e 1% em relação aos três primeiros meses do ano. A avaliação é que, se a alta for mais próxima de 0,5%, o cenário se torna preocupante, pois pode começar a puxar o crescimento para menos de 4%.
Ministro afirma que meta de superávit será cumprida
Ele assegurou que a meta de superávit primário — de 3% do PIB — será cumprida em 2012, apesar dos aumentos de despesas que já estão na conta. Mantega admitiu que se preocupa com gastos com desonerações fiscais concedidas pela equipe econômica e com o aumento do salário mínimo — que deve subir entre 13% e 14% em 2012, com impacto superior a R$20 bilhões. Mas ponderou:
— O reajuste do salário mínimo é absorvível. E a desoneração fiscal é um compromisso do governo. Tudo isso já está no Orçamento.
Segundo Mantega, a ideia do governo é reduzir os encargos para as empresas de manufaturados num primeiro momento e depois estender o incentivo para toda a economia. O programa Brasil Maior, que reúne medidas para dar mais competitividade à indústria, já fez uma desoneração da folha para os setores têxtil, calçadista, moveleiro e de software.
— O governo pretende estender a desoneração para os demais setores de manufaturados e depois para a economia como um todo. É uma revolução tributária — explicou Mantega.

COLABOROU Chico de Gois