O alerta da ONU (Organização das Nações Unidas) é claro: todos os planos e metas traçados para a melhoria de índices ambientais devem estar implementados até 2030.
Caso contrário, está prevista instalação de caos, tendo em vista a incapacidade de investimento para a recuperação do Meio Ambiente a partir de 2056, quando a Macrometrópole Paulista deverá alcançar a marca de 50 milhões de habitantes. Embora o prazo aparentemente extenso não preocupe a princípio, é preciso levar em conta os inúmeros desafios existentes, como a necessidade de se reduzir a emissão de poluentes na atmosfera, universalizar o saneamento, recuperar rios, córregos e represas poluídos, atingir patamar de sustentabilidade hídrica, além de solucionar o impasse em torno da política de resíduos sólidos.
Tendo em vista o cenário crítico, o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje, torna-se momento de reflexão a respeito da necessidade de se colocar em prática ações concretas. “O que o País não tem atualmente é uma política nacional de Meio Ambiente. Nosso principal desafio é superar essa crise de gestão instalada, onde não se prioriza o investimento ambiental, e aproveitar essa janela para o futuro. Sustentabilidade e sobrevivência são sinônimos”, considera o presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy. O especialista aponta ser preciso rever os padrões considerados aceitáveis de qualidade do ar, bem como traçar plano de segurança hídrica para a Região Metropolitana do Estado, além de finalizar estudo acerca da qualidade do solo, que recebe grande incidência de agrotóxicos. “O cenário não é muito bom. Mas essas lacunas podem ser preenchidas com a implementação das normas ambientais”, acredita.
O Grande ABC, por meio do Consórcio Intermunicipal, conta, desde 2015, com plano de enfrentamento às mudanças climáticas, documento que aponta o caminho para o desenvolvimento urbano e a gestão ambiental. “Não temos nada a comemorar. Precisamos melhorar nossa relação com o Meio Ambiente se quisermos continuar a ter água para beber, solo para plantar e saúde”, ressalta a bióloga da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Marcondes.
A preocupação da especialista é justificada à medida em que se destaca situação ainda longe do ideal entre as sete cidades. No que se diz respeito ao saneamento básico, por exemplo, a julgar pelos prazos estipulados pelas empresas que cuidam do serviço, somente em 2024 a região terá 100% de esgoto tratado.
Quando o assunto é a água, outro problema. Dos nove rios, córregos e lagos existentes no Grande ABC, quatro têm situação ruim e cinco estão regulares, conforme estudo da Fundação SOS Mata Atlântica divulgado em março.
Em relação ao desmatamento ambiental, em 2015 foram identificados 28,5 mil hectares entre seis cidades (São Caetano não tem remanescente de Mata Atlântica), o equivalente a 28,5 mil campos de futebol, índice que vem permanecendo estável, de acordo com levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica.
No quesito poluição ambiental é preciso encontrar meio de se reduzir os danos causados à saúde. Conforme estudo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, juntas, as sete cidades liberam 9,8 toneladas de CO² por ano, somando o passivo do transporte rodoviário, das indústrias, das residências, dos comércios e dos resíduos.
Há ainda a necessidade de se encontrar maneira sustentável de resolver a questão do lixo urbano, já que, por ano, são produzidas 826 mil toneladas de resíduos e os índices de reciclagem ainda são tímidos (22 mil toneladas do total).
“Ou colocamos os planos já existentes em prática ou teremos de nos preparar para viver em uma região insustentável. Dependemos diretamente do Meio Ambiente para a nossa existência, e a cada avanço da degradação, maior o custo e o tempo para se reverter o quadro”, completa Marta.