MARÍLIA ALMEIDA
O número de falências decretadas de micro e pequenas empresas nestes quatro primeiros meses do ano é o menor desde 2005, quando foi editada a nova Lei de Falências. No período, o total de firmas falidas passou de 979 a 193, aponta indicador produzido pela Serasa Experian, empresa de informações de crédito.
De janeiro a abril de 2011, apenas 48 empresas por mês foram à falência no País. O motivo, explica o assessor econômico da Serasa Carlos Henrique de Almeida, é o bom momento da economia.
“Mesmo a restrição de crédito para automóveis e outras medidas do governo, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), não foram suficientes para desaquecer a economia. Isso eleva a liquidez de receitas das empresas”, diz Almeida.
Porém, Almeida alerta para o fato de que, do total de falências registradas no Brasil, a grande maioria corresponde a micro e pequenas empresas.
Um sinal de alerta é que os juros elevados deixam critérios para concessão de crédito mais conservadores. “Ao contrário das expectativas, o governo continua a elevar os juros com o objetivo de conter a inflação. Isso afeta as pequenas empresas, que dependem mais de crédito”, diz o assessor.
De acordo com o especialista da Serasa Experian, o empresário deve tentar depender o mínimo possível de empréstimos e adiar planos de expansão que dependam de financiamento, por exemplo. “Melhor deixar para 2012, quando os juros devem ser menores.”
Para competir com as grandes corporações, os pequenos devem financiar a compra do consumidor, mas sem colocar em risco sua própria saúde financeira. Uma saída é o cheque pré-datado. Altos estoques também podem sair caros. O melhor é ter uma relação próxima com o fornecedor para negociar prazos e custos.
Consumo
As datas como Dia das Mães e Dia dos Namorados prometem aquecer ainda mais setores como o comércio. Previsões da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) dão conta que o faturamento das empresas neste Dia das Mães deve ser de 3% a 4% a mais do que em 2010. Esse cenário faz com que as expectativas de alta do número de falências fique só para o segundo semestre.
O momento é mais propício para empresas ligadas ao consumo. A empresária Daniela Themudo Lessa, de 35 anos, criou há quase dois anos um site que vende produtos personalizados. São malas, tênis, almofadas e brinquedos. Ela conta que desde o início do ano as vendas aumentaram 50%.
“Há muitos clientes de outros estados que passaram a pedir os produtos”, diz ela. Desde o início, Daniela tentou não depender de empréstimos do banco. Com a inflação de matérias primas em alta, procura reajustar os preços de modo que não espante os consumidores. “Busco fidelizá-los”.