Mensagem de Miguel Torres na COP30

Miguel Torres na Abertura do Encontro Nacional dos Trabalhadores(as)na COP 30, em Belém do Pará.

“Companheiras e companheiros,

Quero começar destacando o esforço e o trabalho de todos vocês para que fosse possível realizarmos essa plenária tão representativa. E o resultado está aqui: um encontro forte, unido e plural.

Essa plenária é uma demonstração de que a unidade dos trabalhadores é o que nos fortalece. É ela que nos faz avançar nas lutas e também impede que retrocessos prejudiquem o nosso povo.

Nós estamos aqui hoje, reunidos, porque em 2022 o povo brasileiro e o movimento sindical se uniram e elegeram o companheiro Lula presidente da República. Se não fosse essa vitória, provavelmente não estaríamos reunidos, debatendo com liberdade e construindo propostas. O antigo governo perseguia os sindicatos e atacava os trabalhadores diariamente.

A vitória de 2022 foi fruto de muita maturidade política. O presidente Lula entendeu que só seria possível vencer com uma frente ampla, unindo diferentes setores em torno de um projeto democrático. E foi essa união que virou a página mais sombria da nossa história recente.

Mas nós também precisamos reconhecer uma coisa: elegemos o presidente Lula, mas não elegemos o Congresso Nacional com a mesma força. Faltou elegermos mais deputados, senadores e governadores comprometidos com os programas do governo e com os direitos dos trabalhadores.

Por isso, companheiras e companheiros, o próximo passo está nas nossas mãos. O ano que vem é de eleição novamente, e nós precisamos, junto com a reeleição do presidente Lula, eleger parlamentares que representem de verdade os trabalhadores e o movimento sindical.

Chega de eleger “amigos dos trabalhadores” que, na hora da votação, se mostram mais amigos dos patrões. Nós precisamos colocar o movimento sindical dentro do Legislativo, porque é lá que as leis são feitas e é lá que se decide o futuro da classe trabalhadora.

Nós somos a maioria do povo brasileiro — mas não somos maioria nas Câmaras, nas Assembleias, nem no Senado. Isso precisa mudar. E só vai mudar se a gente levar esse debate para as bases, para os locais de trabalho, para as comunidades e para as nossas famílias.

Quero também falar sobre um tema muito importante: a transição justa, que está sendo discutida aqui na COP30 em Belém do Pará. A transição justa significa adaptar a economia e o trabalho às novas exigências ambientais e tecnológicas — mas sem deixar os trabalhadores para trás.

E aqui está um ponto crucial: sem a participação dos trabalhadores, a transição não será justa. Hoje, quem domina os espaços de decisão ainda são os grandes grupos econômicos. Enquanto isso, o trabalhador tem dificuldade até para entrar na chamada “zona azul” da COP. Isso mostra o quanto ainda precisamos lutar por espaço e voz.

Companheiras e companheiros, a transição justa precisa garantir emprego, renda, dignidade, respeito às comunidades e melhores condições de vida. E isso só vai acontecer se tivermos representantes nossos no Congresso Nacional. Caso contrário, as leis continuarão sendo feitas para atender o poder econômico — e não o povo trabalhador.

Vimos recentemente o Congresso derrubar decisões do presidente e aprovar medidas que prejudicam o trabalhador. Isso mostra o quanto o parlamento tem poder. Por isso, repito: não basta ter um governo progressista, precisamos também de um Legislativo comprometido com os trabalhadores.

Encerrando, quero deixar uma mensagem clara:
A unidade é a nossa maior força.
A participação política é o nosso dever.
E a representação sindical no parlamento é o nosso caminho para garantir um Brasil mais justo e solidário.

Vamos continuar firmes, lado a lado, para defender os direitos do nosso povo e construir um futuro melhor para todos.

Muito obrigado!”.

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes