Mercado de trabalho aquecido afasta risco de recessão, diz FGV

Resultados positivos do mercado de trabalho –aumento da renda e das pessoas ocupadas– são os poucos indicadores econômicos que estão afastando o risco de uma recessão no país.

Índice calculado pela FGV com o instituto americano The Conference Board mostra que, entre 14 termômetros da economia brasileira, só os dois seguiram em tendência positiva desde dezembro até o mês passado. Em maio, houve contribuição adicional dos termos de troca (relação entre os preços de exportações e importações).

Com isso, segundo o economista Paulo Picchetti, da FGV, o risco de ter havido uma recessão no mês passado foi de 12%, o que é baixo.

Entre os demais indicadores monitorados, sete recuaram em maio ante abril, com destaque para a confiança de empresários e consumidores.

Entretanto, para configurar um cenário recessivo, ressalta Picchetti, não basta que a economia mostre fraqueza. Segundo ele, o contágio sobre o mercado de trabalho marcou os quatro episódios de recessão mapeados pelo indicador desde 1996 (1998, 2001, 2002/2003 e 2009).

“E o mercado de trabalho hoje ainda está bom”, disse.

FUTURO PIOR

Picchetti observa que os indicadores sobre o futuro estão piores do que os que retratam o presente –que, no conjunto, estão estáveis. Isso indica uma economia estagnada, porém sem risco de recessão.

Em números, o Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE) recuou 1,5% em maio, em comparação a abril, e atingiu a marca de 121,7 pontos.

“Uma deterioração progressiva do clima para os negócios e das expectativas do consumidor, bem como incertezas econômicas e políticas, culminando nos eventos relacionados à Copa do Mundo, afetaram o indicador”, na avaliação de Paulo Picchetti.

O resultado de maio segue a tendência dos últimos meses. O índice apresentou recuo de 0,4% em abril e de 0,4% em março.

“Apesar de emprego e consumo terem se mantido firmes e o setor externo ter melhorado em maio, o recuo contínuo do índice indica um ritmo lento de atividade econômica, atrelado a uma crescente volatilidade na segunda metade do ano”, ressaltou o economista.

Já o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE), que mostra os dados atuais da economia, manteve-se estável ante abril, aos 128,6 pontos.

Fazem parte do Indicador Antecedente Composto: taxa de juros de 1 ano à frente (de maneira inversa, quanto maior, pior), expectativa do consumidor, expectativa do empresário da indústria, expectativa do empresário do setor de serviços, Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores), termos de troca, produção de bens duráveis e volume de exportações.

O Indicador Coincidente Composto é formado por: produção industrial, consumo de energia, expedição de papelão ondulado, volume de vendas do varejo, população ocupada e renda dos trabalhadores.