Metalúrgicos da Bosch rejeitam proposta para demissões em massa

André Nojima

Em contrapartida, trabalhadores exigem acordo igual ao fechado em 2009. Prazo de 48h também foi aprovado para empresa aceitar reivindicação da categoria

Os cerca de 2,5 mil metalúrgicos do 1º turno da Bosch, na Cidade Industrial de Curitiba, rejeitaram na manhã de hoje (17), a proposta apresentada pela empresa para demissões em massa, que pode atingir cerca de 400 trabalhadores. Nos últimos meses a empresa está demitindo com as seguintes justificativas: crise na Europa, adaptação ao novo Euro 5  e retração no mercado de motores a dieesel no país.

Diante disto, os metalúrgicos reivindicam 2 salários-base para quem tem até 15 anos de empresa, 2,5 salários-base para quem tem até 20 anos de empresa e 3 salários para aqueles que tem mais de 20 anos de empresa.

A proposta da empresa consiste em: 1 salário nominal para trabalhadores com 1 à 10 anos, 2 salários para 10 à 20 anos e 10% do salário por ano trabalhado para que tem  mais de 20 anos de casa.  A Bosch tem até a próxima terça-feira (21) para concordar com a proposta dos trabalhadores. “A partir desta data não aceitaremos mais Acordo para Demissão e iremos insistir em um Acordo para Manutenção dos Empregos”, diz o presidente do SMC, Sérgio Butka, que ainda alerta, “havendo demissões nestas 48h, paralisações não estão descartadas”. A atitude da Bosch, segundo Butka, contrasta com acordos recentes fechados com Volvo e Case New Holand (CNH), “onde houve bom senso para os mais de 300 empregos que foram extintos este ano”. Na Volvo, em julho deste ano, por exemplo, foi firmado acordo que prevê para 52 trabalhadores demitidos além dos direitos previstos em lei,  um bônus de 2,5 a 4 salários nominais e mais a extensão do plano médico por 90 dias.

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) já havia denunciado a Bosch ao MPT (Ministério Público do Trabalho) no início deste ano. A denúncia refere-se ao turnover (rotatividade de pessoal) mensal superior a 1% do quadro de funcionários, o que é considerado demissão em massa pelo Sindicato. A Bosch é a empresa na região que mais apresenta esse problema, segundo o SMC: nesse ano realizou mais de 500 demissões entre janeiro e agosto. O número considera apenas os desligamentos realizados via Sindicato.

A fábrica da Bosch tem 3,6 mil trabalhadores  e produz bombas injetoras para sistemas a diesel. A empresa possui mais três plantas no Brasil: duas em Campinas (SP) e uma em Aratu (BA). As unidades instaladas no país fabricam produtos para o mercado de reposição, ferramentas elétricas, sistemas de segurança, termotecnologia, máquinas de embalagem e máquinas industriais, além de prestar serviços automotivos para montadoras.

Histórico de demissões

Esta não é a primeira vez que a Bosch demite em massa. Em julho de 2009, 826 trabalhadores foram demitidos. Após mobilizações em porta de fábrica e longa negociação entre Sindicato e empresa no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), os metalúrgicos receberam as seguintes indenizações: dois salários-base para quem tinha até 15 anos de empresa; 2,5 salários-base para quem tinha até 20 anos e três salários para aqueles que têm mais de 20 anos.

Alternativa

Um dos caminhos mais usados para evitar demissões em massa é o layoff. Neste tipo de acordo os trabalhadores ficam afastados, fazendo curso de qualificação profissional e recebendo o seguro desemprego. A empresa complementa o restante do salário, com garantia de manutenção do emprego.

Só em 2009, milhares de postos de trabalho foram salvos nas empresas Renault, Maflow e Alusur. Recentemente a GM (General Motors), em São José dos Campos (SP), firmou acordo de suspensão temporária de 4 meses com o sindicato local para alivio de 940 metalúrgicos.

Euro 5

Várias empresas, entre elas a Bosch, estão passando por dificuldades para se adaptar ao novo motor Euro 5 que tem baixo índice de emissão de poluentes. Ele é o sucessor dos atuais motores “Euro 3”, fato que está obrigando a indústria brasileira do setor se adaptar a nova conjuntura. A determinação é do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), criado em 1986 pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). O objetivo é controlar a qualidade do ar nos centros urbanos.

Por AGÊNCIA CONFRARIA
Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba

Informação para a imprensa:
André Nojima (SMC): (41) 3219-6461 /  41-9111-9355

Entrevistas para imprensa:
Jamil Dávila (Secretário Geral do SMC) 41-8409-7235

www.simec.com.br