Trabalhadores querem que governo proíba a montadora de demitir cerca de 1,5 mil, 800 em sistema de lay-off
GUSTAVO PORTO – O Estado de S.Paulo
Metalúrgicos da General Motors, em São José dos Campos (SP), entraram ontem em greve de 24 horas em protesto contra a possível demissão de 1,5 mil funcionários de uma das linhas de montagem na unidade da cidade do interior paulista. O protesto fechou, entre 6h30 e 7h30, a via Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro, na altura do km 142, e causou cerca de oito quilômetros de congestionamento no sentido da capital paulista e cinco no sentido do Rio de Janeiro, depois da liberação das pistas, segundo a concessionária NovaDutra.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, cerca de 5 mil funcionários do primeiro turno da unidade estão parados. “A greve deve permanecer até amanhã (hoje), quando haverá, às 9 horas, uma reunião de conciliação entre os trabalhadores, representantes da GM e dos Ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”, disse Macapá.
Segundo ele, os trabalhadores querem que a GM seja proibida pelo governo de demitir os metalúrgicos na linha de montagem do Classic, que já produziu os modelos fora de linha Corsa, Zafira e Meriva. “A companhia tem benefícios do governo com a redução do IPI e mantém a política de demissão”, criticou o presidente do sindicato.
Desde agosto, 800 trabalhadores da montadora estão em sistema de lay-off, ou seja, com o contrato de trabalho suspenso na unidade. Em dezembro, a GM estendeu o lay-off até sábado, dia 26, e decidiu manter a produção do veículo Classic. O temor do sindicato é que esses funcionários e outros 700, que ainda estão trabalhando, sejam demitidos. A montadora fez ainda um Plano de Demissão Voluntária e 300 aceitaram a proposta.
Várias reuniões entre os sindicalistas e a GM terminaram sem acordo. A montadora avalia que as negociações continuam e que os sindicalistas não apresentaram propostas concretas para que a empresa mantenha a competitividade da fábrica. Além da reunião, hoje será realizado o chamado Dia de Ação Global Contra os Ataques da GM, mobilização em cinco países além do Brasil: Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Colômbia e Argentina.
Discussão. Na sexta-feira, depois de uma reunião entre sindicalistas, empresa e representantes do governo federal, Luiz Moan, diretor de relações institucionais da GM, disse que aguardava uma flexibilização por parte do sindicato. Na tentativa de chegar a um acordo, o sindicato acenou com a possibilidade de revisão da grade salarial e banco de horas, desde que os empregos sejam mantidos – o que, segundo o sindicato, não foi garantido pela GM. / COLABOROU GERSON MONTEIRO, ESPECIAL PARA O ESTADO