Durante o 5º Congresso da Força Estadual Bahia, realizado hoje, em Salvador, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM, Miguel Torres, mostrou sua indignação contra a aprovação do projeto da terceirização (do governo FHC) pela Câmara, ontem, e defendeu a unidade e a resistência do movimento sindical contra os projetos que tiram direitos e prejudicam a classe trabalhadora, e pressão total em cima dos deputados federais que votam as medidas do governo.
“A realidade hoje é que temos que resistir e mudar esta situação. Os deputados têm de ser fortemente pressionados. Não podemos abaixar a cabeça neste momento, temos que ir para as ruas e denunciar estes parlamentares”, disse Miguel para o plenário formado por dirigentes de entidades sindicais de várias categorias filiadas à Força Sindical. Os diretores Lourival e Maloca, dos metalúrgicos de São Paulo, também participaram do evento.
O 5º Congresso teve como tema “Direito, Cidadania, Empregos e Aposentadora Digna para Todos”, foi coordenado por Nilson Bahia, presidente da Força Bahia, e fez uma a homenagem à companheira Nair Goulart, que presidiu a central até o ano passado, quando faleceu.
A aprovação da terceirização dominou o debate.
Confira mais da fala do presidente Miguel Torres
“Temos, como movimento sindical, a obrigação com a nossa base… os deputados sinalizaram ontem, com a terceirização, o que vai ser daqui pra frente. Se não fizermos nada mais coisas virão, a Justiça do Trabalho, o fim da CLT por completo. Eles tiveram a coragem de enfrentar os trabalhadores brasileiros. Os 231 deputados que votaram a favor da terceirização vão votar a favor de outras medidas também. E se não fizermos nada agora esse placar vai aumentar muito. Então, temos o dever de denunciar estes deputados que votaram contra os trabalhadores e cometeram esse crime contra a população mais pobre.
Já não bastava o que está acontecendo na Câmara, no Supremo Tribunal Federal, as ações contra os trabalhadores veio mais essa paulada. Não tem mais conversa com os deputados. Cada Estado tem que ver quem foram os deputados que votaram (pela terceirização) e botar no boletim que eles são inimigos dos trabalhadores, são inimigos do País. Sem trabalhador esse país quebra. Então, temos a obrigação e denunciá-los. Vamos no domicílio eleitoral deles e se preparar para um embate maior que vem com as reformas trabalhista e previdenciária.
Os deputados Bebeto e Paulinho estão fazendo a parte deles no Congresso, com emendas para atenuar os projetos. Nossa obrigação é barrar as reformas, os trabalhadores têm que se unir e rejeitar estas propostas antes da votação.
Esse ano é muito importante para nós, trabalhadores. Em julho deste ano faz cem anos da primeira grande greve que tivemos no País (em julho de 1917, contra a exploração e a falta de liberdade), numa conjuntura que não tinha nenhuma lei para os trabalhadores. Era jornada de trabalho abusiva, trabalho infantil, mulher não era respeitada, não tinha segurança (no trabalho). A intenção dessas reformas é voltar há cem anos.
O presidente da CNI declarou que o trabalhador brasileiro trabalha pouco e que poderia trabalhar 48 horas semanais. O que está por traz das reformas é tirar o que temos…. Se tivermos a capacidade de, neste momento, de novo empunhar a bandeira que há 100 anos o movimento sindical levantou, teremos condições de resgatar … o papel da luta, de resistência e não resgatar perdas.
… Está nas nossas mãos resistir para derrotar estas reformas e fazer o País voltar a crescer sem estas reformas que tiram direitos e que vão mexer com a vida das pessoas. Nossos filhos e netos nem vão se aposentar em troco de um mercado externo, de uma política que não favorece os trabalhadores. Temos que estar unidos e o principal objetivo dos nossos congressos (estaduais e nacional) é a unidade…”