O número de trabalhadores mortos em decorrência do desabamento de um prédio comercial em Dacca, capital de Bangladesh, na Ásia, ultrapassa 500 pessoas. O edifício abrigava cinco fábricas de roupas e desabou dia 25 de abril, registrando o maior acidente trabalhista no país.
As fábricas produziam roupas para marcas ocidentais, como a espanhola Mango, a irlandesa Primark e o grupo canadense de alimentos Loblaw, que distribui a marca de vestuário Joe Fresh. As fábricas de tecidos e roupas no país são acusadas de irregularidades.
Baixo custo de produção atrai empresas têxteis para Bangladesh
O país virou alvo de protestos depois do desabamento que deixou 600 mortos. Ninguém quer ter o nome associado a cenas tão trágicas.
Bangladesh também virou alvo de protestos de grandes empresas dos Estados Unidos e da Europa. Ninguém quer ter a marca associada a um país que não respeita os direitos trabalhistas. Saiba por que os produtos confeccionados lá dominaram o mercado.
As escavadeiras em Rana Plaza trabalham sem parar para retirar os entulhos. O número de operários mortos já passa de 600, a maioria mulheres. A empresa produzia roupas para companhias da Europa e também dos Estados Unidos, atraídas pelo baixo custo de produção.
Em Bangladesh, um operário da indústria têxtil ganha US$ 37 por mês, cerca de R$ 74, custo que fez do país o segundo maior exportador de roupas do mundo, perdendo apenas para China. Uma camisa produzida nos Estados Unidos custa em média US$ 13, ou R$ 26. Em Bangladesh, sai por US$ 3, R$ 6. Uma diferença grande para quem quer lucro.
Essa não foi a primeira tragédia em Bangladesh causada por irregularidades em fábricas do setor têxtil. Em novembro do ano passado, 112 trabalhadores perderam a vida em um incêndio em outro prédio, também em situação irregular.
Uma grande companhia dos Estados Unidos decidiu suspender a produção de roupas que tem no país, e várias outras empresas americanas e europeias estudam cancelar contratos. Ninguém quer ter o nome associado a cenas tão trágicas.
“Incidentes assim são um golpe na imagem dessas marcas estrangeiras”, diz um professor da London School of Economics.
A União Europeia – maior parceira comercial de Bangladesh – ameaçou adotar restrições econômicas contra a indústria têxtil do país como punição pela tragédia. Hoje o setor não paga impostos nas vendas feitas para o bloco.
Neste fim de semana representantes da Organização Internacional do Trabalho se encontraram com autoridades bengalesas e exigiram o aumento das inspeções de segurança no país e também a reforma do direito do trabalhador.
Fonte: Bom Dia Brasil