LUCIELE VELLUTO
O rendimento médio real das mulheres subiu 2,4% de 2010 para 2011 na Região Metropolitana de São Paulo, e ficou acima do avanço registrado para os homens. Entre eles, o aumento registrado nos salários no mesmo período foi de 0,4%, segundo a pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em parceria com o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese).
Com isso, diminuiu a diferença entre os ganhos das mulheres e dos homens, pois em 2011 elas passaram a receber, em média, 76,7% do que os homens recebem ante 75,2% em 2010. No entanto, o desequilíbrio salarial entre gêneros está longe de ser superado.
De acordo com Leila Luiza Gonzaga, analista de mercado de trabalho da Fundação Seade, o rendimento médio mensal das mulheres é inferior ao dos homens devido aos cargos ocupados pelas trabalhadoras, que remuneram menos do que os ocupados pelos homens. “A evolução do rendimento médio está ligado a mudanças no mercado para as mulheres, pois elas começaram a buscar cargos que pagam mais, como no comércio e serviços em vez do trabalho doméstico”, comenta.
A exemplo disso, um estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT), e feito pelo Dieese, mostra que no ramo bancário as mulheres ganham 24,10% menos do que os homens e a explicação é por ocuparem cargos com menor remuneração no setor, mesmo tendo mais estudo do que os colegas do gênero masculino.
Outro ponto da pesquisa do Seade/Dieese mostra também que, na média, as mulheres ganham menos do que os homens porque a jornada delas é de 39 horas semanais ante 44 horas dos homens.
Para a professora e pesquisadora da área de trabalho no Insper, Regina Madalozzo, as mulheres também recebem salários menores porque enfrentam dificuldade em ascender na carreira, em chegar a cargos de chefia. “Isso deixa a média ainda mais baixa, pois os cargos que ganham mais são destinados para os homens”, avalia.
Para Regina, a aprovação do projeto de lei na Comissão de Direitos Humanos do Senado que irá punir empresas que pagarem salários diferentes para homens e mulheres no mesmo cargo deve ajudar a equilibrar o mercado. A presidente Dilma Rousseff vai sancionar o projeto na próxima terça-feira. “Isso só reforça que é preciso valorizar a mulher no mercado de trabalho”, diz Regina. Colaborou Rosa Costa.