Mulheres voltam ao mercado de trabalho

Economia aquecida motiva trabalhadoras informais e donas de casa a buscar vagas com carteira assinada

IBGE destaca melhora na renda; salário da mulher vale 72% do do homem em 2010; há oito anos valia 69%

CLAUDIA ROLLI

Com o aquecimento da economia e a maior oferta de vagas, mulheres que estavam sem emprego decidiram retornar ao mercado em busca de uma oportunidade.
A avaliação é de especialistas em emprego que acreditam que esse aumento na procura por uma vaga pode inclusive explicar, em parte, a pressão sobre a taxa de desemprego feminina, que tem recuado em ritmo diferente da dos homens.
A taxa média de desemprego para as mulheres passou de 10,7% entre janeiro e maio do ano passado para 9,2% no mesmo período deste ano. A dos homens foi de 7,0% para 5,8%.
As taxas são medidas em relação à PEA (População Economicamente Ativa) e calculadas a partir de pesquisa mensal do IBGE em seis regiões metropolitanas.
“Uma taxa de desemprego abaixo de 6% para os homens é bastante baixa e significa que o mercado para eles está “apertado”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
O especialista destaca que o fato também pode ter incentivado a entrada de mulheres no mercado de trabalho. “[O que pode ocorrer é que] setores que contratavam homens tiveram que contratar mulheres.”
A taxa de desemprego masculina recuou 17%, enquanto a feminina caiu 14% na comparação da média dos cinco primeiros meses de 2010 em relação à de 2009.
“Uma das explicações para essa diferença no ritmo de queda das taxas é justamente o fato de que mais mulheres estão retornando ao mercado”, diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese.
Outro fator que explica a diferença no ritmo de queda do desemprego é a ampliação de vagas na construção civil e a reposição de empregos na indústria, setores com mais mão de obra masculina.
“Antes da crise, a indústria tinha estoque de 8,117 milhões de empregos no país. Só em abril deste ano esse estoque foi reposto, e a indústria voltou a esse patamar, com 8,129 milhões de postos”, diz Fábio Romão, economista da LCA.
“Como na indústria prepondera a mão de obra masculina, a reposição no setor ajuda a derrubar o desemprego entre os homens”, diz.
Para Cimar Pereira, do IBGE, é importante ressaltar a recuperação na renda das mulheres. “Em março de 2002, o salário da mulher valia 69% do do homem. Em maio deste ano, valia 72%.”