Música e Trabalho: “Lamento da Lavadeira”, canta Elza Soares

 

Lamento da Lavadeira
(Composição: João Vieira Filho, Monsueto Menezes e Nilo Chagas/1956)
Intérprete: Elza Soares

Sabão um pedacinho assim
Olha água um pinguinho assim
O tanque um tanquinho assim
e a roupa um tantão assim

Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá

Quintal um quintalzinho assim
A corda uma cordinha assim
O sol um solzinho assim
E a roupa um tantão assim

Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá
Para secar a roupa da minha sinhá

A sala uma salinha assim
A mesa uma mezinha assim
O ferro um ferrinho assim
e a roupa um tantão assim

Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá
Para passar a roupa da minha sinhá

Trabalho bastante sim
Cansaço bastante sim
Mas dinheiro um tiquinho assim
E a roupa um tantão assim

Lavar a roupa da minha sinhá
Secar a roupa da minha sinhá
Passar a roupa da minha sinhá
Lavar a roupa da minha sinha

 

Análise da letra:

Muito trabalho, poucos recursos e pouco dinheiro: esta é a fórmula da desigualdade sob a qual vive o povo. Lamento da Lavadeira trata, sobretudo, do trabalho da mulher, tradicionalmente ligada ao trabalho doméstico, que vende os serviços para aumentar a renda.
Para isso, a lavadeira tem que se virar com pouco sabão, pouco espaço e pouca incidência de sol para a secagem. Mostra, assim, os trabalhadores(as) vivendo amontoados em espaços pequenos e divididos.
A música, da década de 1950, ainda carrega a referência escravista da “Sinhá”, a senhora de escravos. Com isso, evidencia uma cultura enraizada de relações sociais cronicamente desequilibradas.

Fonte: Centro de Memória Sindical