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Nem-nem são mais pobres, mulheres, desempregados e têm filhos

Pesquisa traçou perfil da população de 15 a 29 anos que não trabalha nem estuda

Os jovens que não estudam nem trabalham moram no Nordeste, estão desempregados, fazem serviços domésticos, são mulheres e mais pobres. Esse foi perfil traçado pelos pesquisadores ao cruzar os dados na Síntese de Indicadores Sociais 2014, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE. Nessa população que soma 9,9 milhões de jovens, 68,8% são mulheres e a maior parte tem entre 18 e 24 anos.

A grande maioria, 62,2%, é preta ou parda e 26% estão desempregados, taxa bem acima dos 7,9% na população total de jovens de 15 a 29 anos. Os filhos também estão mais presentes nessa população nem nem majoritariamente feminina. “Para as mulheres que somente estudavam, 7,1% tinham ao menos um filho, enquanto para aqueles que não trabalhavam nem estudavam, 57,1% tinham ao menos um filho”, diz a pesquisa.

Eles moram em domicílios mais pobres: 44,8% estavam em lares onde a renda domiciliar per capita não ultrapassava meio salário mínimo, e os afazeres domésticos pesam na rotina desses jovens que não trabalham fora, mas fazem muito em casa. Entre essa população, 89,2% das meninas trabalhavam em casa cerca de 28 horas semanais.

A desigualdade de gênero aparece nesse indicador. Entre os homens, o fato de não trabalhar e nem estudar não faz ele ajudar mais nos serviços domésticos. Na média da população de 15 a 29 anos, 40,8% dos homens fazem trabalhos domésticos. Entre os nem nem, essa fatia até cai: 39,3%. E número de horas despenca para 11 horas e 24 minutos, tempo 60% menor que o dedicado pelas meninas.

A maternidade é o principal responsável pelo afastamento das meninas da escola. O IBGE separou por idade a frequência escolar e o número de filhos. Assim, entre as meninas de 15 a 17 anos que não tinham filhos, 88,4% estudavam. Entre as mães adolescentes, essa proporção desaba para 28,4%. Na faixa de 18 a 24 anos das que não tinham filhos, 41,5% estudavam, entre as mães, somente 12,7%.

— Esse dado mostra a dificuldade de conciliar a maternidade e estudo. Há necessidade de políticas públicas que permitam que as jovens continuem ou voltem a estudar quando são mães, como creches e escola em tempo integral. Há também dificuldade para a mulher reingressar no mercado de trabalho — afirmou Bárbara Coco, coordenadora de População e Indicadores Sociais.