A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar a taxa Selic mostra que nós, trabalhadores, devemos intensificar as mobilizações para manter nossos empregos e garantir aumentos reais nas negociações das convenções coletivas. A alta irá prejudicar as categorias com datas-base no 1º semestre.
Ficou escancarado que o governo não tem repertório para tocar a política econômica, depois da oitava alta consecutiva da Selic, reedita medidas do passado de uma forma errática e inexorável, parece que a prioridade é a eleição.
Entendemos que a inflação e seus efeitos são conhecidos, mas surpreende a reação diante dela. Os 20 anos de valorização cambial, e os baixos investimentos (públicos e privados) são aspectos que agravaram o problema e deixam pouca margem em momentos turbulentos da economia. Basta olharmos para a indústria, setor mais dinâmico da economia, que estagnou e já reduz as ocupações no setor (-1,1%), o comércio varejista amargou o pior resultado em 10 anos e o mês de dezembro, que geralmente é o mês que as vendas crescem, decepcionou com queda de -0,2%.
Esse governo, infelizmente, abandonou seu projeto desenvolvimentista, jogou a toalha. Ao mesmo tempo em que o ministro Guido Mantega, da Fazenda, afirma que a “consolidação fiscal que viabiliza a sustentabilidade do crescimento econômico e contribui para o combate à inflação,(…) e que os instrumentos utilizados são: a contenção de despesas de custeio e ampliação dos investimentos”, corta R$ 7 bilhões de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para 2014 as previsões só pioram, alguns analistas já apostam em crescimento de 1,67%. Fica a pergunta, será que o governo é desenvolvimentista mesmo? Este é o momento de o governo mostrar para o quê veio, assumir a frente e não se apequenar elevando os juros e atraindo o rentismo.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical