Prioridade deve ser emprego, produção, renda e mercado interno
De novo o governo perdeu uma ótima oportunidade de sinalizar positivamente para o setor produtivo – que gera emprego e renda – que o País não se curva mais perante os especuladores. Juros nas alturas são uma forma de concentrar cada vez mais renda nas mãos dos grandes banqueiros e rentistas.
O governo vem apostando, nos últimos anos, todas as suas fichas em uma combinação explosiva e destrutiva para a sociedade brasileira. Por um lado, jogou suas fichas no combate à inflação a qualquer preço, e, por outro, lançou mão de uma política brutal de austeridade fiscal.
O resultado foi uma depressão econômica sem precedentes. O tombo da atividade econômica não apenas reduziu a renda das famílias e elevou as taxas de desemprego – são 11,8 milhões de desocupados, maior índice da série histórica –, mas acabou derrubando as arrecadações de estados, municípios e do governo federal. As contas públicas registram déficit nominal de R$ 581 bilhões (9,6% do PIB) no período. Só de juros nominais, para pagar a dívida pública, foram R$ 427,1 bilhões nos últimos doze meses.
O estrago na economia é evidente: o PIB acumulado nos quatro trimestres registrou queda brutal de 4,9%; a produção industrial nos últimos doze meses despencou 9,8%. Enquanto isto a taxa básica de juros no Brasil é a maior do mundo, e o crédito pessoal e rotativo atingiu, respectivamente, 132,2% e 470,7 ao ano. É isto mesmo: juros de deixar agiota constrangido. Diante deste quadro, é fundamental a redução dos juros e mudanças radicais e responsáveis na economia, que priorizem o emprego, a produção, a renda e o mercado interno.
A crise e a suposta recuperação são dolorosas para os trabalhadores, que, além de sofrerem com o flagelo do desemprego, amargam a maior taxa de juros do planeta e a redução criminosa dos seus diretos e de sua proteção social.
A resposta para a crise é o desenvolvimento, a valorização do trabalho e o incentivo à geração de emprego e renda. O País precisa investir no fomento da produção, na geração de empregos e na distribuição de renda para retomar o caminho do seu crescimento econômico.
Paulo Pereira da Silva – Paulinho
Presidente da Força Sindical