Nota das centrais sindicais: Pacote atende reivindicações dos trabalhadores, mas só em parte

Nota das centrais sindicais: Pacote atende reivindicações dos trabalhadores, mas só em parte

Antigas reivindicações do movimento sindical, como a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, foram contempladas no anúncio do pacote econômico feito pelo ministro da Economia Fernando Haddad no dia 27/11. Entretanto existem pontos sensíveis que devem ser discutidos socialmente para o bem do país.

Consideramos acertada e corajosa a proposta de isenção de quem ganha até 5 mil reais. Com a isenção em uma faixa salarial muito baixa, que é o que acontece e que este governo vem mudando gradativamente, a cada reajuste salarial (muitos conquistados com greves, assembleias e negociações), mais trabalhadores passam a pagar mais imposto porque “progridem” de faixa. É necessário corrigir isso, como propôs Haddad.

Nesta mesma lógica de diminuir o abismo social, consideramos a proposta de aumentar a tributação de quem ganha salários maiores que 50 mil reais, um passo na direção de melhorar a distribuição de renda.

Por outro lado, é injusta a proposta de rebaixar de 2 para 1,5 salário mínimo a faixa salarial de quem tem direito ao abono salarial. E o cálculo que reduz o aumento do salário mínimo também é um ponto sensível que deve ser revisto e debatido com o movimento sindical.

Conhecemos as pressões políticas e sociais contra o governo. Muitas delas forçando a equipe econômica a aprofundar os cortes e abandonar as medidas que beneficiam os mais pobres.  É um contexto no qual propor taxação de supersalários e corrigir privilégios descabidos, torna-se um ato de coragem e ousadia. É preciso reconhecer isso.

Mas não podemos permitir que a contrapartida incida sobre o trabalhador e sobre os aposentados. Vamos continuar lutando para que esses, que são a imensa maioria do povo brasileiro, sejam valorizados.

Acreditamos que, com diálogo amplo e muito trabalho, conseguiremos chegar a um pacote econômico viável e que semeie as mudanças necessárias. Acreditamos que este será um importante passo em benefício do povo e do desenvolvimento do país. Com diálogo, trabalho e muita luta.

 

São Paulo, 29 de novembro de 2024

Miguel Torres, Presidente da Força Sindical

Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)

Moacyr Roberto Tesch Auersvald, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)

 

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