Artigo do presidente do Sindicato e da CNTM, Miguel Torres publicado no Diário de S.Paulo desta 4ª feira 20 de julho
Coragem para cortar os juros
Em unidade de ação, as Centrais Sindicais realizaram ontem um ato contra os juros altos em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo. Foi uma manifestação de repúdio a essa política econômica recessiva e para pressionar o Copom (Comitê de Política Monetária), que está reunido desde ontem, a baixar a taxa Selic, que é usada nas negociações de títulos públicos e também é referência para as demais taxas cobradas pelo mercado e pelo sistema financeiro.
O governo federal tem que entender que juros altos inibem o consumo, estrangulam a produção e diminuem postos de trabalho. Juros baixos fomentam o consumo, aumentam a produção e geram emprego, que éo que Brasil mais precisa, sobretudo neste momento de recessão.
A roda da economia precisa ser destravada e girar positivamente nesta direção, para diminuir o contingente de cerca de 11 milhões de desempregados do País, gerar renda, até por uma questão de sobrevivência de milhões de brasileiros, e acabar com a farra de taxas de mais de 470% ao ano no cartão de crédito, 311% no cheque especial, segundo levantamento do Dieese;por isso o corte drástico dos juros é tão importante. Juros altos só favorecem quem vive da especulação e não da produção e do trabalho.
Vale lembrar que a taxa de juros pesa tanto na viabilização de investimentos na economia (aumento da produção e ampliação do parque industrial), como no crescimento da atividade econômica, sobretudo nas decisões de consumo das famílias. Além disso, no caso do Brasil, a taxa de juros influencia a dívida pública, tendo em vista que parte da dívida é corrigida pela Selic.
O governo federal precisa ter coragem para enfrentar a crise de frente e baixar efetivamente os juros que encarecem a economia. As centrais sindicais unidas vão preparar uma jornada de lutas pela redução dos juros, pelo emprego e manutenção dos direitos trabalhistas e previdenciários e pela retomada do crescimento.
Miguel Torres
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes