O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, CNTM e vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres, participa, nesta quinta-feira (28), da primeira reunião de retomada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, pelo governo Dilma.
Integrado por 92 representantes de entidades de todos os setores econômicos e sociais, entre elas o movimento sindical, a expectativa é que o Conselhão consiga dar encaminhamento às alternativas a serem apresentadas para a retomada do desenvolvimento do país.
“Sabemos que os interesses são muitos e bastante diversos, mas se não houver consenso e espírito para a busca conjunta de respostas que ajudem o país a sair da crise, e se a presidente Dilma não ouvir a sociedade, vamos continuar patinando”, afirma Miguel Torres.
As centrais sindicais já entregaram ao governo o documento Compromisso pelo Desenvolvimento, elaborado em conjunto com entidades do setor da indústria, e que busca a recuperação do emprego e o crescimento da economia.
“Os investimentos públicos precisam voltar a acontecer nas áreas da construção civil, que emprega milhares de trabalhadores, no setor de óleo e gás, que movimenta muitas outras áreas da economia, e no setor de infraestrutura, que abre gargalos no desenvolvimento”, afirma Miguel Torres.
Uma proposta forte a ser colocada na mesa é o Plano Nacional de Renovação Veicular, que pode resultar na criação de milhares de empregos em toda a cadeia automotiva. A renovação da frota terá forte impacto na economia, podendo agregar 0,8% ao PIB nacional. O Plano acrescentaria R$ 20 bilhões à arrecadação de impostos. Toda a cadeia produtiva – do minério de ferro à indústria da sucata – viria a ser ativada, de acordo com levantamento que está sendo feito pela assessoria técnica do Dieese.
Miguel Torres deixa claro que o movimento sindical não aceita as reformas da Previdência Social, como está querendo o governo, com imposição de uma idade mínima para a aposentadoria, por exemplo, num Brasil que não tem política de emprego, e que só vai dificultar o acesso de milhares de trabalhadores ao benefício; nem a perda de direitos e a flexibilização da legislação trabalhista, como pretende o setor patronal e também o governo, porque isso só vai precarizar as condições de trabalho.
Sindicato: O que você espera do Conselhão? Acredita que o governo vai ouvir a sociedade e dar encaminhamento às propostas a serem apresentadas?
Miguel- Estamos entrando com a expectativa de que será um fórum de discussão efetiva até que essa crise passe. Estou otimista e penso que todos devem pensar positivamente.
Sindicato: O que você, como representante de uma categoria profissional combativa, vai levar para o Conselhão?
Miguel- Vamos defender nossas propostas, de geração de emprego, renda, uma Previdência Social justa para os trabalhadores, sem idade mínima para aposentadoria, e entre outros temas, a renovação da frota veicular, que vai impulsionar toda a cadeia automotiva, e a correção da tabela do Imposto de Renda, importante fator de distribuição de renda no País.
Sindicato: O Compromisso pelo Desenvolvimento é uma proposta viável?
Miguel- Precisamos traçar alternativas que devem ser fruto de um consenso baseado no documento. É preciso um momento de consertação social, um pacto que só será construído se houver consenso. A questão dos direitos trabalhistas é prioridade. Não é hora de retração dos direitos. É hora de crescimento do mercado interno, redução da desigualdade, proteção social. É possível fazer um pacto neste caminho. O Brasil tem condições de fazer este pacto e resolver os gargalos que temos, no transporte, na saúde, na agricultura, na produção etc.