Com o slogan “Não é Não” e a participação de mais de 130 trabalhadoras da categoria, o Encontro Março Mulher Metalúrgica, realizado nesta sexta-feira, no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, discutiu a questão da violência contra a mulher em todos os sentidos, os impactos das reformas trabalhista e previdenciária na vida das mulheres, o problema das desigualdades e do assédio.
A diretora Leninha, coordenadora do Departamento da Mulher, destacou a importância do encontro para a mulher operária e mãe de família e pediu “menos teoria e mais prática na luta contra a opressão, o assédio, a violência, a misoginia, o sexismo e as desigualdades contra a mulher no mercado de trabalho”.
O presidente Miguel Torres disse que “infelizmente, ainda existe muito assédio e desigualdade, por isso temos que estar atentos para combater estas situações e ampliar o corpo de defesa dos direitos da mulher”.
Segundo ele, o sistema político brasileiro é o maior causador das diferenças. “Os homens têm mais respeito e direitos que as mulheres. Vamos refletir mais sobre este momento de crise institucional e estrutural do Brasil. É dever dos brasileiros votarem com mais consciência nas próximas eleições e em projetos que beneficiam a população e não em falas bonitas”.
O secretário-geral, Arakém, disse que “temos que respeitar e tratar as mulheres com igualdade. O assédio sofrido por elas é inaceitável e a nova lei trabalhista trouxe um grande risco às gestantes e lactantes. Isso tem que ser combatido”.
Elza Costa, diretora financeira, criticou a desigualdade no mercado de trabalho. “O homens são mais valorizados e ganham mais. A mulher enfrenta o racismo dentro e fora das fábricas e os órgãos que se dizem competentes são omissos nessa realidade. A mulheres têm que apoiar umas às outras. Temos que estar sempre refletindo sobre tudo o que acontece”, afirmou.
O diretor Luiz Antonio de Medeiros disse que o movimento sindical tem o dever de preservar a luta das mulheres e enalteceu o dia internacional dedicado a elas. Falou também sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no trabalho e fora dele, que vivemos um Estado de Exceção institucionalizado e as mulheres estão sob grave ameaça. “A contra-reforma trabalhista em vigor tirou direitos e deixou as mulheres em situação de maior vulnerabilidade”.
O diretor David disse que “falta representatividade da mulher na política e que é dever do cidadão olhar com mais atenção para as mulheres, pois elas podem ajudar muito na reconstrução do País que está sendo destruído pelo atual governo”.
O encontro contou com a participação de convidadas especiais:
Roseli do Carmo (metalúrgicos de Guarulhos) criticou a precarização dos direitos trabalhistas, frisou que a mulher é uma das que mais irão sentir a retirada de direitos, pediu consciência para homens e mulheres na próxima eleição presidencial, para que erros como os que estamos vivendo não ocorram nunca mais”.
Karina Sampaio, da Confederação das Mulheres do Brasil, disse que as mulheres enfrentam outras batalhas: têm sobrejornada de trabalho em razão das tarefas domésticas, são vítimas da violência de gênero, do estupro, do feminicídio e convivem cotidianamente com o machismo.
Maria Auxiliadora, Secretária da Mulher da Força Sindical (brinquedos), falou que o Dia Internacional da Mulher é uma luta contra a opressão, a violência, a misoginia, o racismo e o sexismo. Frisou que mulheres continuam em situação de desigualdade na família, no trabalho e na sociedade e alertou que a reforma da Previdência é outra medida patrocinada pelo governo ilegítimo de Michel Temer.
Mônica Veloso (Metalúrgicos de Osasco), Presidente do Comitê de Mulheres da IndutriALL Global Union e vice-presidente da CNTM, foi enfática ao citar os graves problemas que mulheres do mundo inteiro sofrem há décadas e deu um “grito de basta nesta situação. Mulheres e homens têm o dever de ajudarem a combater esta triste realidade”.
As mulheres participaram de outras dinâmicas e aquelas com mais de 45 anos de idade foram presenteadas com exame e tratamento gratuitos para osteoporose, oferecidos pelo Centro de Referência em Atenção à Saúde da Família Metalúrgica.
Palestra
A palestra “Reforma da Previdência e o impacto na vida das mulheres” foi dada pela advogada Vera Lacerda, que apontou como a reforma vai acabar com o direito de aposentadoria. “Nós, mulheres, temos que exigir a proteção dos direitos e garantias fundamentais das trabalhadoras no sentido de preservação da dignidade enquanto seres humanos. As mulheres devem lutar para evitar serem expostas a esforços físicos intensos, abuso corporal e psicológico, longas jornadas de trabalho e, em especial, trabalho em condições insalubres e de intensa periculosidade”. O encontro, segundo ela, “foi um grito de basta contra os retrocessos”.
O evento contou também com a participação de Eunice Cabral (costureiras) e de todos os diretores(as) e assessores(as) do Sindicato que ajudaram na organização do encontro e no convite às mulheres nas fábricas.
Documento
Na abertura do Encontro Março Mulher Metalúrgica, Miguel Torres assinou um documento, com aprovação de todas as mulheres participantes do evento, em que o Sindicato assume o compromisso de colocar em prática, na base metalúrgica, ações efetivas de combate à violência e ao assédio contra as trabalhadoras. Clique e confira a matéria