PROTAGONISMO E AUTONOMIA

“O protagonismo político dos movimentos de luta dos trabalhadores passa a ser o das cúpulas das centrais sindicais a partir do reconhecimento destas, com financiamento destinado. Também é fato que as direções maiores das centrais sindicais estão sob o controle de poucos dirigentes perpetuados!

A preocupação principal nesses dias sombrios, de ataques constantes à organização dos trabalhadores, é a questão do comprometimento. Se as centrais são o cérebro do movimento sindical, as confederações, federações e sindicatos são a espinha dorsal. Os dois, então, precisam estar unidos em um só organismo: a classe trabalhadora!

O fato é que todo processo “neoliberal” vem atacar e quebrar esta espinha dorsal, pois o cérebro não tem conexão com o corpo sem dorso!

Agiu errado ou, como é cérebro, pode ter sido intencional (que é o mais provável).

Sindicatos, federações e confederações saíram às ruas, fizeram protestos e greves, tentando impedir todos os golpes planejados para a destruição da organização sindical. As centrais reconhecidas recuaram, pois acreditavam que a luta se faz em consenso com a burguesia, ficando claro que foram usadas para abafar e não proliferar a indignação e a rebelião popular.

Os cérebros intelectuais de gabinetes das centrais caminham para um novo deferimento de golpe nos sindicatos, em nome da manutenção de poder das centrais.

E, como submissão a partidos políticos, querem jogar os dirigentes combativos aos leões, quebrando sindicatos, difundindo a ideia do contrato coletivo nacional e colocando os sindicatos altamente submissos aos caprichos de meia dúzia de dirigentes.

Será que não estão querendo implantar no Brasil uma espécie de sindicalismo norte-americano, em que as centrais negociam um contrato nacional que leva em conta as condições menores e estabelecem uma contribuição nacional destinada às centrais?

Se for isto, vejo como um golpe em andamento. E vejo que teremos um futuro drástico, pois o organismo sindical estará com a espinha dorsal quebrada e o cérebro, atrofiado! É tudo que o capital quer.

Mas ainda há tempo: basta os dirigentes de sindicatos, federações e confederações buscarem a autonomia sobre os dirigentes de centrais sindicais”.

Edenilson Rossato, Alemão
diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes