Sindicato exibe documentário sobre envolvimento da Volks com a ditadura

Centenas de trabalhadores metalúrgicos assistiram o documentário “Cúmplices? A Volkswagen e a ditadura militar no Brasil”, exibido na tarde desta sexta-feira, no auditório do Sindicato, na Rua Galvão Bueno, na Liberdade.

A apresentação contou com a presença de Lúcio Bellentani, personagem do filme e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que, em 1972, aos 27 anos, foi preso às 23h30, na ferramentaria (Pavilhão 8) da fábrica de São Bernardo. Lúcio foi interrogado, primeiro dentro da fábrica e depois levado, algemado, para o Dops, onde foi torturado.

O documentário é uma produção alemã, dirigido por Stefanie Dodt e Thomas Anders, e narra o envolvimento da Volkswagen e de diretores da multinacional com a repressão política.

Assim como Lúcio, vários trabalhadores foram interrogados dentro da Volks e levados para o Dops de São Bernardo, acusados de oposição política e militância sindical. Segundo os relatos, a própria segurança industrial da empresa vigiava os trabalhadores. Durante o regime, os nomes dos “agitadores” eram compartilhados com outras empresas e eles não conseguiam emprego em nenhum lugar. Estavam numa lista negra.

No documentário, ex-diretores da Volks negam os acontecimentos, mas os fatos estão sendo apurados pelo Ministério Público e outros órgãos de defesa dos direitos humanos.

Contar a história
Miguel Torres, presidente do Sindicato, participou do evento junto com toda a diretoria e assessoria e destacou a importância da iniciativa.

“O Sindicato tem obrigação de manter viva a memória nacional, a luta dos trabalhadores, e uma forma de fazer isso é levar informação pra categoria, promover eventos como este. Este período terrível da História do Brasil, a repressão, a perseguição ao movimento sindical e aos trabalhadores precisam ser debatidos, esclarecidos para que não ocorram nunca mais no País”, afirmou.

Lúcio também contou outros fatos do tempo em que esteve preso, e disse que o que ele quer “é reparação, a verdade, que a Volks aceite a verdade”. Ele destacou que “reconquistamos a democracia e a liberdade”, mas alertou que “novo golpe já foi dado e está em processo de execução, com o fim dos direitos dos trabalhadores e da população, com a reforma da Previdência. Precisamos ir para as ruas e não fazer greve por empresa, temos que parar este País.”

Lúcio, diretor Medeiros e Miguel Torres