Oportunidades iguals para mulheres aumenta produção, diz Banco Mundial

Se as mulheres não fossem discriminadas no mercado de trabalho, a produtividade subiria até 25%. É o que revela estudo do Banco Mundial (Bird), que aponta que a igualdade de gênero não é por si só importante, mas também faz parte de uma política econômica inteligente.

Segundo o estudo, se homens e mulheres tivessem oportunidades iguais para obter um emprego, a produtividade em nível mundial poderia apresentar um crescimento entre 3% e 25%. Na América Latina, o aumento da produtividade poderia chegar a 16%.

“A mensagem principal é a de que a igualdade de gênero não só é importante por si mesma mas também faz parte de uma política econômica inteligente”, diz Ana Revenga, uma das autoras da pesquisa divulgada em relatório do Banco Mundial sobre igualdade de gênero e desenvolvimento.

Com base em pesquisas realizadas por diversos pesquisadores autônomos e organismos internacionais nas últimas décadas, o documento intitulado Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2012 indica que as mulheres continuam sendo as maiores responsáveis pelas atividades domésticas e ainda enfrentam discriminação em determinados nichos de trabalho vistos como “tipicamente masculinos”. Assim, elas se tornaram maioria no mercado informal e são empregadas com maior frequência em atividades de menor remuneração.

“As mulheres são condicionadas a aceitar esses lugares que garantem menos direitos trabalhistas porque não conseguem entrar em outros mercados de trabalho, principalmente porque precisam compatibilizar as tarefas do lar com as tarefas produtivas”, avalia Télia Negrão, coordenadora da Rede Nacional Feminista de Saúde.
Para ela, a principal forma de interromper o ciclo se dá por políticas públicas. O investimento do governo na construção de creches e escolas e na implementação de programas de planejamento familiar são algumas alternativas apontadas.

Desigualdade também se reproduz no meio rural

Igualmente, dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) apontam que a produção agrícola em países em desenvolvimento aumentaria até 4% se homens e mulheres tivessem o mesmo acesso a crédito e insumos.
Em 2002, segundo o relatório, as mulheres possuíam menos de 11% das propriedades de terra no Brasil.

Mudanças sociais acontecem mais rápido, mas não garantem igualdade

Apesar dos obstáculos, o relatório aponta avanços expressivos: nos últimos 30 anos, mais de 500 milhões de mulheres foram incorporadas ao mercado de trabalho.

“Um dos fenômenos mais notáveis é o aumento massivo da matrícula universitária através do mundo. Para os homens, ela foi multiplicada por quatro nas últimas duas décadas. Para as mulheres, foi multiplicado por sete”, afirma Ana Revenga.

De acordo com o Banco Mundial, entre os principais motivos para esse rápido crescimento estão programas de transferência de renda, maior incentivo à educação e crescimento econômico continuado. “No caso do Brasil, há um destaque para o crescimento econômico em diferentes classes da sociedade”, ressaltou Ana Revenga.

Mas o relatório do pelo Banco Mundial alerta também que políticas voltadas para o crescimento econômico e para o aumento da renda de um país, por si só, não reduzem as desigualdades de gênero. Dados indicam que as mulheres têm maior probabilidade de morrer, em relação aos homens, em países de baixa, média e alta renda.

Por fim, o documento destaca que, em muitos países, as mulheres têm menor participação ativa nas decisões e menos controle sobre os recursos da família, além de participarem menos da política formal e de serem sub-representadas em escalões superiores.

Fonte: (Folha de S.Paulo/Terra)