O percentual dos que consideram a diferença entre as faixas de renda um problema relevante no Brasil é maior do que a média dos países emergentes (60%) e avançados (56%)
Para 68% dos brasileiros, a desigualdade é um grande problema, mas parte ainda mais expressiva da população (77%) acredita que reduzir impostos é o melhor meio para assegurar menor distância entre ricos e pobres, segundo pesquisa do Pew Research Center divulgada hoje. O levantamento ainda mostrou que os brasileiros estão entre os mais otimistas com o futuro da próxima geração, embora a confiança tenha recuado nos últimos 12 meses.
O percentual dos que consideram a diferença entre as faixas de renda um problema relevante no Brasil é maior do que a média dos países emergentes (60%) e avançados (56%). O principal “culpado” pela desigualdade, segundo 29% dos entrevistados, na média global, são as políticas governamentais, seguida pela diferença de salários (23%).
No Brasil, essa relação se inverte. Com as políticas sociais adotadas nas últimas décadas, apenas 21% dos brasileiros atribuem a desigualdade ao governo. Já 44% consideram que a principal razão para a distância entre ricos e pobres está na diferença de remuneração dos trabalhadores. Para 19% dos brasileiros, o sistema educacional é relevante para explicar a diferença de renda na sociedade, percentual mais alto do que na média global (10%).
Por outro lado, parte expressiva dos brasileiros (77% dos entrevistados) considera que reduzir impostos para empresas e os mais ricos poderia induzir o investimento e o crescimento e, assim, diminuir a desigualdade. Apenas 18% consideram que aumentar impostos para esses dois grupos, para financiar programas sociais, poderia reduzir essas diferenças.
Os percentuais são bem diferentes do observado na média dos países emergentes, entre os quais 40% apoiam redução de imposto, contra 31% que avaliam que a redução de tributos poderia ser mais efetiva para lidar com a questão.
Além da distribuição de renda, o Pew também pesquisou as perspectivas da população para os próximos anos, e observou forte diferença entre desenvolvidos e emergentes. Segundo o levantamento, nos 25 países emergentes pesquisados, 50% da população espera que as crianças tenham condições financeiras melhores do que as experimentadas pela geração atual, enquanto 25% avaliam que o quadro tende a piorar nos próximos anos. O Brasil está entre os mais otimistas neste conjunto, já que 72% estão mais otimistas com o futuro, embora nos últimos 12 meses a confiança tenha caído sete pontos percentuais.
Já nos países desenvolvidos, o cenário é mais adverso. Apenas 28% dos entrevistados esperam que os jovens cresçam em um ambiente financeiro mais favorável, contra 65% que esperam piora das condições, na média. Segundo o relatório, de maneira geral o maior ou menor grau de otimismo está ligado ao desempenho recente da economia, na avaliação dos pesquisadores.
O levantamento foi realizado em 44 países, com 48.643 entrevistados entre os dias 17 de março e 5 de junho deste ano. No Brasil, foram 1.003 entrevistas.